Safra de filmes que disputam as principais categorias do prêmio
impulsiona lançamentos e reedições de obras que deram origem às adaptações do
cinema
Nada menos do que seis, dos oito longas-metragens indicados a
melhor filme no Oscar 2016, são inspirados em livros ou em histórias reais que
se tornaram conhecidas a partir de livros. Entre esses títulos, há de tudo:
romances que ficcionalizam acontecimentos de anos (ou séculos) passados, como
“O Regresso” e “Ponte dos Espiões”, histórias recentes sobre temas da realidade
(“A Grande Aposta”) e até uma ficção científica (“Perdido em Marte”).
Somando
os indicados em outras categorias importantes do maior prêmio da indústria do
entretenimento (melhor ator, atriz ou direção), chegamos a 10 adaptações que
têm origem na literatura. Todas as 10 ganharam lançamentos (ou relançamentos)
recentes no Brasil, em parte com capas que incorporam imagens dos próprios filmes.
Leia, a seguir, um pouco sobre cada um desses livros, suas
características fundamentais e as diferenças em relação aos filmes que
inspiraram.
“O
Regresso”
O romance
de Michael Punke ficcionaliza uma história real,
a do explorador e caçador de peles Hugh Glass, que, na primeira metade do
século 19, durante uma expedição de caça pelas Montanhas Rochosas, foi atacado
por um urso e abandonado pelos seus colegas de jornada. O livro não concentra
tanto a atenção em Glass, como faz o filme,
criando um pano de fundo também para os homens de quem ele quer se vingar.
Tradução de Maria Dias. Intrínseca, 270 páginas
O filme tem 12 indicações, incluindo melhor filme.
“A Jogada do Século”
O livro
que deu origem ao longa “A Grande Aposta” foi lançado no Brasil em 2011, após
seu autor, Michael Lewis, tornar-se um nome quente devido aos sucessos dos
filmes “Um Sonho Possível” e “O Homem que Virou o Jogo”, também adaptados de
livros seus. Jornalista, Lewis faz uma análise aprofundada dos bastidores da
crise econômica de 2008 por meio do perfil dos principais personagens a lucrar
com o colapso.
Tradução de Adriana Rieche, BestBusiness, 322 páginas
O filme tem 5 indicações, incluindo melhor filme.
“Perdido em Marte”
Romance de Andy Weir lançado em 2011, faz a atualização sci-fi da
bem conhecida narrativa do náufrago em um ambiente hostil. Narrado predominantemente
em primeira pessoa pelos registros de bordo do astronauta Mark Watney, o livro
é eficiente em manter um delicado equilíbrio entre humor, tensão e as
necessárias explicações científicas para as soluções improvisadas pelo
sobrevivente.
Tradução de Marcello Lino. Arqueiro, 336 páginas
O filme tem 7 indicações, incluindo melhor
filme.
“Quarto”
O truque que Emma Donoghue realiza neste livro que deu origem a “O
Quarto de Jack” é antigo, mas eficaz: narrar um mundo brutal pela voz da
personagem mais inocente à disposição. Neste caso, Jack, um menino de cinco
anos que nunca saiu do quarto em que nasceu. Sem nunca ter interagido com mais
do que duas pessoas na vida, Jack se torna a esperança de fuga do cativeiro em
que ele a mãe são mantidos por um sequestrador.
Tradução de Vera Ribeiro. Verus, 350 páginas
O filme tem 4 indicações, incluindo melhor filme.
“Uma Ponte Entre Espiões”
O filme dirigido por Steven
Spielberg não é uma
adaptação oficial deste livro, e sim da história original a que ambos se
referem. Mas neste volume estão as memórias do personagem real James B.
Donovan, advogado recrutado pela CIA nos anos 1960 para defender o chefe de uma
rede de espionagem nos EUA – e facilitar, assim, a troca do homem por um piloto
norte-americano capturado pelos soviéticos.
Tradução de Alessandra Bonrruquer. Record, 490 páginas
O filme tem 6 indicações, incluindo melhor filme.
“Brooklyn”
O irlandês Colm Tóibin é autor de romances de feição clássica que
mergulham em profundidade nas emoções de seus personagens. Esta ficção
centra-se na jovem Eilis, que nos anos 1950 se muda da Irlanda para Nova York e
aos poucos constrói uma vida que inclui um emprego e o amor por um jovem de
origem italiana. Um retorno inesperado ao país natal, contudo, a deixa dividida
entre a vida na Irlanda e nos EUA.
Tradução de Rubens Figueiredo. Companhia das Letras, 304 páginas
O filme tem 3 indicações, incluindo melhor
filme.
As tramas e os personagens que vêm da literatura
A onda de adaptações não está restrita à principal categoria do
Oscar. Concorrem a outras estatuetas atores e atrizes que encarnam personagens
que saíram das páginas de um livro.
“Carol”
No final dos anos 1940, a jovem Therese conhece Carol, uma mulher
mais velha por quem, para sua própria surpresa, se apaixona desesperadamente.
Apesar das pressões que um amor como esse poderia esperar naquela época, ambas
se aproximam até embarcar em uma jornada pelo interior dos Estados Unidos que é
também uma busca pela possibilidade de se amarem. Um livro único na obra de
Patricia Highsmith (1921 – 1995).
Tradução de Roberto Grey. L&PM, 300 páginas
O filme tem 5 indicações, incluindo melhor
atriz para Cate Blanchett.
“A Garota Dinamarquesa”
O romance de estreia do autor David Ebershoff inspira-se na
história real do pintor Einar Wegener (1882 – 1931), uma das primeiras
transexuais a passar por uma cirurgia de mudança de sexo. O romance
concentra-se na relação de Einar com sua mulher, Gerda, e nos efeitos para a
relação entre ambos do processo pelo qual Einar reconhece sua verdadeira
identidade de gênero, tornando-se Lili Elbe.
Tradução de Paulo Reis. Fábrica 231, 368 páginas
O filme tem 4 indicações, incluindo melhor
ator para Eddie Redmayne.
“Steve Jobs”
Diferentemente da cinebiografia protagonizada por Ashton Kutcher,
o filme estrelado por Michael Fassbender é roteirizado por Aaron Sorkin com
base na biografia escrita por Walter Isaacson. Única biografia cujo trabalho de
pesquisa foi autorizado pelo próprio Jobs quando ainda vivo, é considerado o
mais completo relato até agora do homem que revolucionou a tecnologia.
Tradução de Denise Bottman, Pedro Maia Soares e Berilo Vargas.
Companhia das Letras, 624 páginas
O filme tem 2 indicações, incluindo melhor
ator para Michael Fassbender.
“Trumbo”
Biografia do roteirista Dalton Trumbo (1905 – 1976), tão conhecido
pelo seu trabalho em clássicos como A Princesa e o Plebeu (1953), Spartacus
(1960) e Johnny Vai à Guerra (1971), que também dirigiu, como por sua
trajetória política. Integrante do Partido Comunista, ele foi perseguido pela
histeria do macarthismo e teve que trabalhar com pseudônimos. O livro de Bruce
Cook (1932 – 2003) é de 1977, e sai agora devido ao Oscar.
Tradução de Catharina Pinheiro. Intrínseca, 368 páginas
O filme tem uma indicação, de melhor ator para
Bryan Cranston.
Fonte: Gazeta do Povo