Após postar aqui o livro "Morte em Dezembro" que está sendo lançado pela Editora Dracaena, muitas pessoas me procuraram para saber um pouco mais sobre o autor Ivair Antonio Gomes. Conforme já citado anteriormente, o livro traz uma trama muito bem elaborada, onde o autor narra com extrema competência uma caçada a um assassino internacional em terras brasileiras.
Entramos em contato com o autor e conseguimos uma entrevista com ele, a qual está publicada abaixo na íntegra. Mais uma vez, parabéns ao autor, que vem conquistando o seu espaço no mercado literário. Um ótimo exemplo aos autores iniciantes que buscam um lugar ao sol.
Morte em Dezembro - Ivair A. Gomes
ENTREVISTA
1 - Quem é Ivair Antonio Gomes?
Sou Natural de Campinas do Sul, RS (mesma
cidade que minha mãe nasce), a 44
anos. Saí de lá com menos de 03 anos de
idade. Fiz de tudo na vida. Trabalhei de bóia-fria nas plantações de Algodão e
amendoim, já fui funileiro, que trabalha com lataria de carro, já fui
estofador, consertando sofás, já trabalhei em supermercado, digitador,
panfleteiro, feirante e até a pouco tempo atrás eu era livreiro, possuía um
sebo de livros usados. Na verdade comecei a trabalhar muito cedo. Aos doze anos
acordava às 05 da manhã para preparar a marmita para ir trabalhar no campo,
como bóia-fria. Meu pai foi trabalhador de usina hidrelétrica(barrageiro, no
popular) e vivia viajando, mudando de um lugar para outro. Moramos no interior
do Mato Grosso, no interior de São Paulo, no Paraná e a mais de 25 anos fixamos
residência neste estado tão acolhedor que é Santa Catarina. Essa constante
mudança de ares, me trouxe muitos infortúnios, mas no final das contas ganhei
mais que perdi. Ganhei o conhecimento das culturas locais, um modo peculiar de
ver as pessoas e seus costumes. Aprendi muito nessas viagens e moradias
esporádicas. Estou casado com uma esposa maravilhosa que me ajuda e incentiva
nos meus projetos, sejam eles literários ou não. No momento sou bancário.
2 – E quando foi que você começou a escrever?
R – Que eu me lembre, foi aos 16, 18
anos. Escrevia muita poesia. Eu vivia apaixonado. Era só uma menina bonita
sorrir para mim e pronto. Já estava apaixonado. Escrevia então dezenas de
poemas para ela. Eu era muito tímido. Por causa do meu porte físico, pequeno e
magrela. Hoje alguma coisa mudou e não foi a altura (risos).
3 - E os romances, como você começou a escrever romances?
R- Então, em meados dos anos 90, lá por
1997 eu comprei meu primeiro computador. E logo entrei em um grupo de lista de
contos cujo endereço era contos@itaipu.microlink.com.br. E lá tinha muita gente
boa. ( Rener de Larte, Leo
Cosendey, Fabio Vale, Frederico Dutra
Vieira, Rafael Otto Coelho, Mauricio Santoro, Carina, Heitor Coelho, Petras
etc...) Pessoas de 15 a 45 anos, de todos os lugares do Brasil, das mais
diversas profissões. O pessoal escrevia, todos liam e depois enviavam
comentários. Ali eu comecei a escrever os primeiros contos. Recebi alguns
elogios e também muitas criticas construtivas que me auxiliaram a podar meus
erros. Então eu comecei a escrever contos mais longos e em seguida comecei a
reescrever pequenos contos, que já havia publicado na net, transformando-os em
algo maior.
4 -E sua ligação com a literatura é antiga, tem gente que fala de você ficar de castigo na escola por
ler demais?
Bem, é quase isso. Quando pequeno, nós
morávamos em Amambai, uma pequena cidade no Mato Grosso do Sul, e a biblioteca
da escola ficava do outro lado da rua. Quando dava o sinal do recreio, ao invés
de brincar com as outras crianças eu atravessava a rua e ia para a biblioteca
escolar. Lá eu pegava um livro, deitava no chão e começava a ler. Aconteceu de
algumas vezes eu dormir lendo e perder o sinal de volta para a sala de aula. Eu
disse algumas vezes, não era sempre.
5 - E você já escrevia nessa idade?
Não, como eu disse, comecei a escrever
aos 15, 16 anos. Eu comecei a ler aos 06 anos de idade, em um Gibi da antiga
Ebal, me lembro até hoje. Era “as poderosas”, de um lado as aventuras da
Poderosa Isis (eu achava linda) e do outro lado as histórias da Mulher
maravilha. Sempre guardei comigo essa lembrança. Eu ia cedo comprar pão e
passava na banca e via se tinha gibi. Depois ficava enfernizando meu pai para
dar dinheiro para mim comprar. Fui colecionador de Gibis por muito tempo.
Quando trabalhava de bóia-fria no interior de São Paulo lá pelos meus 12 anos
eu gastava tudo que ganhava em gibi.
Tex, Zagor, Superaventuras Marvel, heróis da TV, Cebolinha, Cascão, Pato
Donald, mas meus preferidos mesmo sempre foram os super heróis. Cheguei a
chorar uma vez lendo uma graphic novel da morte do Capitão Marvel. Mas parei de
ler Quadrinhos nos anos 90. Muita coisa mudou. Virou mais comercial. Agora
compramos gibis e o sangue espirra por todo lado. Me lembro que o Capitão
América era o ideal da liberdade, da democracia. Os heróis daquela época tinham
princípios e o tempo, e a mudança de comportamento da sociedade fez com que
esses personagens também mudassem.
6 - Como você cria seus enredos, seus personagens, como é
sua construção literária?
Bom, eu sempre pesquiso muito antes de
escrever. Mesmo durante a escrita, estou escrevendo e pesquisando, mudando
algo, alterando um cenário, mudando o comportamento de um personagem, pois os
personagens “vivem’, tem uma vida e como
nós eles podem mudar de atitude de um momento para outro. Meus personagens são
de carne e osso, tem dor de coluna, como em “Dias Difíceis”, tomam remédio como
em “Morte em Dezembro” (ainda não publicado), mas tomo cuidado para eles não
serem piegas demais, chatos demais, corretos demais. Pois isso se torna uma
ilusão. Gosto dos personagens sarcásticos, com senso de humor.
7 - Quanto tempo você leva para escrever um livro?
Olha, depende muito. Se é algo mais
cotidiano, posso escrever um conto em dois ou três dias, mas se é algo mais
refinado que envolve questões mais densas a coisa é mais longa. Já escrevi dois
contos em uma semana. Assim como levei dez anos para finalizar Morte em
Dezembro, e outros dois anos para compor Dias Difíceis que tinha inicialmente
720 páginas e reduzi para 519. E Dias difíceis eu pesquisei muito mais que
Morte em Dezembro.
8 – Você está lançando o livro Morte em Dezembro pela
Editora Dracaena, fale sobre esse trabalho.
Bom, Morte em Dezembro nasceu em minha
cabeça após ler ‘O dia do Chacal” do Frederick Forsyth. Foi ali que me deu um
insight. Principalmente porque já havia sido anunciado o encontro do mercosul
aqui em Florianópolis para o ano de 2000. Então eu corri atrás. Fui a vários
locais que poderiam servir de possível localização onde um atirador se
posicionasse para um tiro certeiro. Temos aqui no centro de Florianópolis o
antigo Palácio do governo que fica na praça dos três poderes, fui lá de
madrugada, fiquei olhando os prédios, virava de um lado para o outro e ficava
imaginando o que poderia ser feito. Onde o assassino poderia ficar para atirar.
Primeiramente pensei em fazer ali a cena da tentativa do assassinato. Ao ar
livre. Com a mudança da sede do Governo
para outro local, tive que fazer umas modificações no livro.
9 – O que provocou a
demora para o livro ficar pronto?
Foi um relapso meu. Tive outros objetivos
na vida. Priorizei outras questões. E quando retomei a escrita dele tive que fazer várias alterações e adaptações no
livro. Mas para não prejudicar a
história não quis mudar muito, pois senão seria um livro totalmente novo. Fiz o
caminho do assassino várias vezes. Alguns locais que cito no livro, são reais .
Fazem parte do cotidiano do Florianopolitano.
Na época fiz várias pesquisas junto a PF e a policia civil, a secretária
de segurança, tentando trazer ao leitor um pouco da realidade destas
instituições.
10 - E porque só agora o livro ficou pronto?
Na verdade eu tenho cinco romances
inacabados, o Morte em Dezembro era apenas mais um. Eu não via perspectiva de
lançamento do livro. Então deixava engavetado, coloquei a muito tempo atrás na
internet alguns trechos do livro. E no ano passado devido a algumas
circunstâncias, comecei a mexer no livro novamente. Então surgiu o convite da
Dracaena, na pessoa do Léo Kades e aqui estamos nós.
11 - Você falou em circunstâncias para
começar a escrever novamente. Quando você escreve? O que te faz escrever?
Olha, eu digo isso para as pessoas e elas
acham besteira. Mas quando surge uma pressão muito forte, eu foco em outra
coisa. Me abstraio. E a leitura é uma dessas minhas abstrações, juntamente com
a escrita.
12 - Quais suas outras abstrações?
Eu estou sempre fazendo um curso. Curso
disso, curso daquilo. Não consigo ficar parado. Não sou de ir em academia, mas
não fico parado (risos). No mesmo momento em que terminava de escrever Morte em
Dezembro passava por uma situação
delicada no trabalho e também estava fazendo um curso de pós graduação.
13 - Então seus escritos são uma fuga?
Não necessariamente. É onde eu encontro
prazer. Eu faço porque gosto, e como gosto. E acho que não tem nada mais
prazeroso que fazer o que a gente gosta.
14 - Você começou a falar do livro e fugiu do assunto, fale
mais dele?
Bom, como
disse eu busquei muitas fontes e informações. O assassino do livro é um
personagem muito astuto e perigoso. Tive que ler bastante sobre crimes
cibernéticos, sobre novas tecnologias, e também ataques bioterroristas e mesmo
organizações terroristas ao redor do mundo. Descobri também muita coisa pela
internet. Fui fundo tentando encontrar informações sobre órgãos e departamentos
policiais dentro e fora do Brasil. O
livro mostra a dificuldade que os órgãos internacionais e nacionais tem para
identificar um assassino enviado ao Brasil para boicotar o encontro do
mercosul, usando para isso de métodos letais, muitos deles inovadores. E
apresenta o cenário das ilhas onde Robinson Crusoé foi encontrado, no Chile,
como mostra com detalhes um pouco da vida do porto de Vigo na espanha, onde o
assassino pode ter passado algum tempo. E tem como tema central a cidade de
Florianópolis, onde o morador local irá
encontrar muitos lugares conhecidos descritos no livro.
15 - Como foi o processo para chegar até a editora Dracaena.
Eu recebi um e-mail do Sr Léo Kades, o
editor da Dracaena. E ele se mostrou interessado em lançar o livro. Fiquei meio
receoso no primeiro momento pois no passado tive problemas com editoras de
fundo de quintal que trabalham sob demanda. Mas o Léo soube me fazer entender
que esse projeto era diferente. E assim fomos conversando e aos poucos a coisa
se ajustou. Gostei muito da forma como tudo foi conduzido. O Léo me ligava e me
informava do que estava acontecendo, dos passos da formação do livro. Hoje o
livro está aí, pronto para os leitores desfrutarem.
16 – Que recado você gostaria de deixar aos leitores do
livro Morte em Dezembro.
Ler ainda é a maior aventura que você
pode viver. Com a leitura você viaja, conhece lugares e pessoas. Leia mais,
aprenda mais. Não importa sua idade, sempre é tempo de aprender. E aos jovens
eu gostaria de pedir que desligassem um pouco dos games e se ligassem nos
livros. Quem lê fala mais e melhor, além de aprender a escrever.