sábado, 22 de junho de 2013

ESPERAR EDITORA É UTÓPICO DIZ AUTOR



Ryoki Inoue

O escritor mais prolífico do mundo cansou de esperar pelas editoras. Autor de 1.100 títulos e reconhecido em 1993 pelo Guinness como o homem que mais escreveu e publicou livros em todo o planeta, Ryoki Inoue já viu seu nome em obras lançadas pelos maiores grupos editoriais do país, mas se sentiu desvalorizado, desistiu e resolveu publicar ele mesmo suas próximas obras, criando uma empresa para fazer isso de forma independente. “O autor é apenas um ninguém para as editoras”, disse o escritor.

“Cansei de ficar esperando prestações de contas. E também cansei de esperar que essas grandes editoras fizessem alguma coisa do ponto de vista de divulgação e marketing”, disse. Em sua empresa, a Ryoki Inoue Produções, o escritor diz ter um controle maior do processo de publicação, da divulgação, da distribuição (com vendas especialmente pela internet) e do retorno financeiro pelos livros vendidos.

Médico, Inoue mudou de profissão e se tornou escritor nos anos 1980. Ele começou a publicar livros de bolso para leitura rápida, com títulos de westerns e pequenos romances históricos vendidos em bancas de revistas. A necessidade de ter uma renda fixa com este trabalho fez com que desenvolvesse técnica para escrever rápido e conseguir publicar muitas obras (até 12 livros por semana), o que o fez alcançar a marca de recordista mundial. Mais recentemente, ele se tornou autor de obras maiores, como “Saga” (Ed. Globo) e “Fruto do Ventre” (Record), mas não ficou satisfeito com a relação com as editoras.

“As editoras grandes, ditas convencionais, estão preocupadas em investir só em autores de retorno certo. Um principiante dificilmente encontra um lugar ao sol”, disse. Segundo ele, a dificuldade em conseguir falar com os editores é outro motivo que o faz escolher e incentivar a publicação independente. “É mais fácil uma boa relação com uma editora pequena do que com uma grande”, disse.

Ele alega ainda que os escritores devem assumir o papel de principais divulgadores e vendedores dos seus próprios livros de forma independente. “Um dentista, para poder trabalhar, tem de investir em seu consultório. Um escritor tem de investir em seu próprio trabalho. Esperar que apareça uma editora que invista em sua obra é bastante utópico.”

Um comentário:

  1. Adorei o artigo! É bem por aí mesmo... As editoras até podem publicar uma obra que considerem boa de um autor principiante, mas o processo de divulgação tem que partir dele. Se a parte principal (divulgar a obra) tem que ser feita pelo próprio autor, não seria mais conveniente imprimir as obras numa gráfica e vendê-las diretamente por blogs e sites pessoais? Somente assim, como disse o autor
    Ryoki, é possível controlar melhor o retorno financeiro e vender as obras num preço mais acessível. Os livros nacionais são muito "caros" em vista dos estrangeiros e poucos leitores se aventurariam a pagar um valor exorbitante num autor desconhecido.

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