Um extenso debate discutiu nesta terça, no
Senado, uma proposta que pretende regular os preços de livros no Brasil. O
projeto de lei, da senadora Fátima Bezerra (PT-RN), institui a Política Nacional do Livro e tem como principal ideia,
segundo o texto, "fomentar a produção intelectual nacional e a facilitação
ao acesso da cultura impressa ou digital no país". Na prática, o que muda
é que as regras para descontos ficam mais apertadas e beneficiam pequenas
livrarias.
Afonso
Martin, diretor-presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), diz que o
debate sobre o assunto é importante para editores, distribuidores e leitores.
Ele cita que, no Brasil, o livro passa por um processo diferente do que
acontece com outros produtos: enquanto o normal é um artigo ganhar desconto
quando está ultrapassado, com livros ocorre o contrário:
–
A nova lei diz que o desconto máximo é de 10% do preço de capa. No Brasil, o
varejo ainda não tem regulamentação. Como a venda de livros para as grandes
magazines é muito pequena, elas fazem um desconto agressivo e atraem o consumidor.
Essas médias e grandes empresas não estão desbravando novos terrenos, estão
ocupando o terreno deixado pelas pequenas empresas, que estão quebrando –
avalia.
Além
da senadora, participaram do debate o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e
associações que representam a cadeia produtiva do livro, como ANL, Liga
Brasileira de Editoras, Câmara Brasileira do Livro e Sindicato Nacional de
Editoras de Livros (SNEL). De acordo com a senadora petista, a presença de
debatedores foi "extremamente representativa":
–
A lei cria um ambiente saudável para que a concorrência entre as pequenas,
médias e grandes livrarias se dê em níveis de razoabilidade. Acaba ganhando
todo mundo.
Marcos
da Veiga Pereira, presidente da SNEL, diz que a lei precisa ser "um pouco
mexida em sua redação", mas garante que a ideia é apoiada pelos editores.
Segundo ele, a atual situação do mercado permite "situações
abusivas":
–
O que a gente viu nos últimos anos no mercado é uma utilização do livro como
porta de entrada para o varejo online, principalmente. Cria uma percepção de
preço errada. O consumidor passa a achar que o livro vale 60% do livro dele. A
gente precisa de uma rede muito fortalecida de livrarias. Para ter mais
livrarias, é preciso protege-las.
Agora,
o grupo pretende promover mais um debate, durante a Feira Literária
Internacional de Paraty. Depois disso, o projeto deve seguir os trâmites na
Câmara e no Senado, antes de chegar à mesa da presidente.
Fonte: Zero Hora
Fonte: Zero Hora
Nenhum comentário:
Postar um comentário