sexta-feira, 20 de maio de 2016

“Sempre tentei escrever como homem; hoje não me importo mais”, diz Fernanda Young


O título do novo livro de Fernanda Young, “A Mão Esquerda de Vênus”, por si só, carrega um simbolismo peculiar à autora. Assim como as 327 páginas da obra, que reúne 45 poemas inspirados em uma coleção de cartas e diários de amor e ainda traz rabiscos de versos, desenhos, fotos, pinturas e bordados provenientes do processo criativo da escritora. O novo livro de poemas é resultado da liberdade de expressão feminina que Fernanda diz ter conquistado recentemente.

Hoje, com 46 anos e fazendo faculdade de Artes Visuais, a escritora e roteirista ressalta a maturidade que lhe permitiu aceitar-se como uma autora mulher e retratar a feminilidade de forma mais expressiva. “Me constrangia ser mulher no meio literário. Sempre impus a masculinidade em minha literatura e tentei escrever como homem”, revela. “Hoje não me importo mais. É chocante a aceitação e o fato inevitável que sou mulher e escritora – e isso se deu com muita negação.”

Maturidade

O amadurecimento contribuiu para Fernanda expor mais uma vez seu lado poeta. O mergulho nas cartas de amor de Laura Figueiredo – trocadas com seu amante entre o final de 1970 e o início de 1980 – serviram de inspiração para o novo desafio.


Segundo Fernanda, Laura, já falecida, era uma mulher visionária e muito corajosa. Suas cartas secretas eram repletas de paixão, tristeza e erotismo. E, justamente por serem proibidas, eram tão excitantes. “Tomei com a mão esquerda o poder de ser venusiana, acionei meu lado subconsciente e arquétipos relacionados ao amor e extrai toda a sedução dessas cartas para a poesia”, ressalta.


Nenhum comentário:

Postar um comentário