'Saltimbancos'
e 'Chapeuzinho Amarelo' estão sendo reeditados pela editora Autêntica
Há
quarenta anos, aprendemos que “o melhor amigo do bicho é o bicho” e que a
exploração dos animais pelo homem não passaria mais desapercebida. Na mesma época,
fomos apresentados a uma menina acanhada que descobriu que valia a pena encarar
o tão temido lobo das historinhas e, assim, deixar para trás “o medo do medo do
medo” daquilo que a paralisava.
Saltimbancos
e Chapeuzinho Amarelo, os dois livros infantis de Chico Buarque e Ziraldo,
estão sendo reeditados pela editora Autêntica na condição de clássicos da
literatura para crianças no Brasil. Já foram vendidos mais de dois milhões de
cópias, levando-se em conta as remessas para escolas e empresas e o varejo. O
campeão é Chapeuzinho, de 1970, que Chico dedicou às suas filhas Luísa, Silvia
e Helena e a outros pequenos, e que chega à sua 40.ª edição.
Tanto
o escritor quanto Ziraldo foram premiados: ainda com ilustrações originais de
André Letria, o livro, em 1979, ganhou o selo de “altamente recomendável para
crianças” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil; em 1998, Ziraldo
recebeu o Jabuti por seus desenhos.
Já
a fábula de Saltimbancos, inspirada em Os Músicos de Bremen, dos irmãos Grimm,
alcançou o livro em 2007, numa comemoração dos 30 anos de sucesso da peça. A
responsável pela união do texto de Chico e do traço e do colorido do pai do
Menino Maluquinho foi a editora Maria Amélia Mello.
À
época na José Olympio, ela agora teve o aval dos autores para o relançamento
dos dois títulos na Autêntica, da qual é editora. “Foi Ziraldo que deu a cara
da Chapeuzinho que todo mundo conhece. Essa dobradinha nos dois livros foi
muito oportuna, os textos têm humor e o Ziraldo trouxe mais ainda”, ela
analisa.
O
livro dos Saltimbancos tem os diálogos e as músicas da peça. A adaptação de
Chico para o disco infantil I Musicanti, dos italianos Sergio Bardotti
(versionista do compositor para o italiano) e Luis Enriquez Bacalov, é bem mais
conhecida como musical do que como livro. Em 40 anos, os temas Bicharia,
História de Uma Gata e Todos Juntos Somos Fortes já circularam por palcos de
todo o Brasil.
Só
a atriz Maria Lúcia Priolli, que dirige a montagem em cartaz no Rio, tem 25
anos como a Gata. São mais de 2 mil apresentações, no teatro e em sessões em
festas e em escolas. “Já encenamos para a classe A e em favelas, e a magia é a
mesma. Ela vem das músicas e das temáticas: o respeito ao próximo, a cidade
ideal com que a gente sonha. Todo pai e mãe têm vontade de passar isso para o
filho. A peça não trata a criança de forma tatibitate”, acredita a atriz e
diretora. “Eu entro no palco e saio sempre melhor, mais feliz.”
A
saga do jumento, da gata, do cachorro e da galinha surgiu primeiro em disco,
como relembrou Chico ao site Pecinha é a vovozinha!, do jornalista e dramaturgo
Dib Carneiro Neto. “Eu trouxe da Itália as bases e propus à minha gravadora
lançar um disco infantil. Toparam, ficava em conta. Havia pouco mercado para
músicas infantis. Nem Xuxa tinha ainda. Era uma novidade aqui”, contou, tendo
como gancho os 40 anos da primeira encenação. “(O êxito) foi uma surpresa para
todo mundo, até para os autores, porque o disco italiano não fez muito sucesso
e não foi para o teatro. Aqui a história vingou, sabe-se lá por quê.”
Os
temas ganharam ainda mais brilho no formato sinfônico, com a Orquestra
Petrobras Sinfônica. Lançado em CD, o espetáculo, com arranjos do violinista
Mateus Freire, fez sucesso em temporada carioca, sob a regência do maestro
Felipe Prazeres, e há planos de seguir viagem.
CHAPEUZINHO
AMARELO
Editora: Autêntica
Preço:
R$ 37,90
SALTIMBANCOS
Editora: Autêntica
Preço: R$
37,90
Fonte:
O Estadão
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