domingo, 29 de setembro de 2013

Entrevista com o autor Marcos DeBrito

Recentemente tive a oportunidade de conhecer (ainda que virtualmente) o escritor Marcos DeBrito. Fiquei surpreso pela simpatia com que o autor trata seus leitores. DeBrito respondeu às minhas mensagens e não hesitou em me conceder esta entrevista. O autor também me enviou o livro para que eu pudesse lê-lo e resenhá-lo aqui no blog. Tal resenha será apresentada nas postagens posteriores. Deixo aqui os meus agradecimentos ao autor. Confira abaixo a nossa entrevista. 

 DEBRITO
Não busco um estilo. Acho que busco escrever sobre o que tenho medo.”


O escritor e cineasta brasileiro Marcos DeBrito nos brinda com o seu o seu livro À Sombra da Lua, lançado neste mês de setembro pela editora Rocco. O livro promete ser um clássico do terror nacional.  


AOS – Sendo um conceituado e premiado cineasta brasileiro, o que lhe fez enveredar por trilhar os caminhos da literatura na qualidade de escritor? E como surgiu a idéia do livro À Sombra da Lua?

Marcos DeBrito - Virar escritor foi um acontecimento inesperado na minha carreira. Meu ramo principal de trabalho é roteiro e direção cinematográfica, porém quando escrevi o À SOMBRA DA LUA como longa-metragem eu percebi que era inviável produzir o projeto na época devido ao seu altíssimo custo. Como eu gostava muito da história, não queria deixá-la na solidão de uma gaveta. Eu queria que o À SOMBRA DA LUA existisse. Essa era minha maior preocupação. Então resolvi adaptar para romance e felizmente a editora Rocco enxergou qualidades no texto que o fizeram ser publicado.

AOS - Por que recorrer ao ambiente do século XIX?

DeBrito - Foram vários os motivos, mas eu diria que o principal foi devido ao momento histórico que o Brasil estava passando. A intensa imigração italiana no interior paulista nos anos seguintes à abolição do trabalho escravo me pareceu o cenário ideal para justificar a presença de uma criatura supostamente oriunda do continente europeu. Outros elementos do século XIX como o comportamento, os trajes e arquitetura também me agradavam mais para ambientar uma história romântica de terror.

AOS - Considerando que o livro trata de um tema do imaginário popular no folclore brasileiro (com sua raiz na Mitologia Grega), em sua opinião À Sombra da Lua pode ser classificado como um livro de terror?

DeBrito - Particularmente, acredito que não é a melhor definição para o livro. Porém, quando se existe uma criatura, ou é comprovada uma presença sobrenatural, é difícil não entrar na convenção do gênero. Eu vejo o À SOMBRA DA LUA mais num estilo de O LABIRINTO DO FAUNO, do Guillermo Del Toro, ou o DRACULA, do Coppola. Ambos trabalham de forma mais romântica a questão da criatura e era dessa maneira que eu queria retratar a minha. Mas se o livro não estivesse na categoria "Literatura de Horror", estaria, no mínimo, como "Romance Fantástico".

AOS - Em À Sombra da Lua, você trabalha com personagens muito bem definidos e um estilo de narrativa contemporâneo. Isso é consciente?

DeBrito - Poderia dizer que sim, é consciente, porque o texto parte de um planejamento. Faço um esboço de toda a história, separado por sequências, até o fim. Somente depois de ter tudo que preciso que começo a escrever. Não é um processo rápido, pois dependendo do que estou escrevendo, muita pesquisa se torna necessária (como foi o caso do À SOMBRA DA LUA). Talvez o meu estilo tenha sido descrito como contemporâneo, pela maneira como boto as palavras no papel. Como sempre escrevo antes como roteiro para cinema, a imagem da ação está muito clara na minha cabeça. O que faço é simplesmente descrevê-la e insiro emoções particulares que não seriam possíveis demonstrar somente com imagem em movimento. Como, no cinema, a maior preocupação é deixar um espectador preso à cadeira durante duas horas. Você precisa trazer surpresas de tempos em tempos na trama. E para funcionar, seus personagens precisam ser coesos. Todos ali têm uma função no universo proposto. Tentei transpor essa sensação para a literatura, mas acredito ainda estar procurando o equilíbrio.

AOS - Após a experiência de ter escrito À Sombra da Lua, como você define o seu estilo enquanto autor?

DeBrito - Ainda não me defino como escritor com determinado estilo porque esse foi o primeiro texto. Mas algo que sei que não mudarei são as descrições pesadas de situações mais fortes e que nunca abandonarei a discussão sobre o peso da morte. Tenho essa preocupação recorrente em tudo que faço. Não busco um estilo. Acho que busco escrever sobre o que tenho medo.

AOS - Quais são suas maiores influências literárias? Qual autor (a) destacaria como favorito?

DeBrito - Nessa questão, provavelmente, sou apenas mais um dos vários escritores deste gênero que tem como inspiração maior o Edgar Allan Poe. Eu diria que ele, e o Álvares de Azevedo, são meus autores preferidos. Tanto que MACÁRIO é meu livro de cabeceira e THE RAVEN é um conto que carrego sempre comigo. Como autores, são meus favoritos. Mas minha influência maior vem do cinema. E nesse campo são inúmeros os diretores que admiro.

AOS - Qual a sua análise sobre a literatura contemporânea brasileira?

DeBrito - Não acho que eu tenha gabarito para analisar a questão da literatura nacional contemporânea porque leio apenas textos mais antigos. No estilo que gosto, a melancolia se perdeu muito com o passar do tempo e ainda não encontrei alguém que retomasse esse meu interesse.

AOS - Em que difere o escritor do cineasta em termos de proximidade com o público?

DeBrito - Do pouco que já pude ter contato com o público leitor, é uma relação mais saudável. O espectador do cinema é mais ferino em suas críticas. Depois de 2hs sentado em uma poltrona, é fácil sair e falar "não gostei" (ou coisa pior) apenas respaldado por seu gosto duvidoso. Alguns espectadores reclamam de uma produção como se ela precisasse te sido feita exclusivamente para ele. E quando há uma controvérsia à sua expectativa pessoal, o mérito do trabalho lhe parece nulo. Mas isso é apenas uma parcela do público. O risco de um filme ser massacrado é o mesmo de virar cultuado. Depende muito das experiências de cada um. Agora, em um livro, como se gasta mais tempo e esforço idealizando um mundo completamente novo, a imersão parece maior e consequentemente a empatia com os personagens e universo. Isso parece coibir o leitor de críticas mais ferrenhas, pois muito da criação parte da sua própria mente.


AOS - O seu livro de estréia À Sombra da Lua foi publicado pela Rocco, uma das editoras mais bem conceituadas do país. Qual conselho ou sugestão você daria aos aspirantes a autores que ainda trilham o árduo caminho da busca por uma editora?


DeBrito - Persistência. Quando me falaram que seria impossível entrar em uma editora como a Rocco, eu não desanimei. Não conhecia ninguém do ramo literário e botei meu trabalho para ser visto. Mandei para umas 6 editoras pequenas e para a Rocco apenas como um "tiro no escuro". Mas recebi o telefonema deles e soube que a escolha por publicarem foi unânime. Mas algo que é OBRIGATÓRIO ser feito antes de mandar para as editoras, é revisão Literária e Ortográfica. Tenha sempre em mente que o seu texto original não está bom! Há erros gramaticais, repetição de palavras, pleonasmos e todo tipo de vício que afasta uma boa leitura. Receber uma crítica antes de enviar é necessário. Contrate um profissional para fazer isso, pois é um valor bem investido. Antes de apresentar à Rocco passei por duas revisões literárias. A primeira me fez reescrevê-lo todo novamente.

AOS - Você já tem novos projetos na área literária? Caso os tenha, pode nos falar um pouco sobre eles?

DeBrito - Eu estou finalizando meu longa-metragem CONDADO MACABRO (www.condadomacabro.com.br) e assim que estiver pronto vou terminar o último capítulo do meu próximo livro, intitulado O ESCRAVO DE CAPELA. Apesar de eu não querer estar preso a um estilo, tanto o filme como o próximo romance também são de terror, rs. O filme é estilo slasher anos 80. Já no livro, repaginei a origem do Saci e da mula sem cabeça em uma história que se distancia do nosso folclore. Reinventei a lenda de forma mais visceral. Quem já leu a versão de trabalho, achou tão interessante quanto o À SOMBRA DA LUA. Permaneci com o ritmo cinematográfico das surpresas da trama e trago personagens com uma dualidade maior entre a bondade e a maldade. Fora esses, a Rocco já conversou comigo sobre uma trilogia para o À SOMBRA DA LUA e já estou esboçando as continuações. Mas meus trabalhos mais próximos de serem vistos no futuro são o CONDADO MACABRO, O ESCRAVO DE CAPELA, e um outro longa chamado NELSON NINGUÉM (www.nelsonninguem.com).



Um comentário:

  1. “A VITÓRIA PERTENCE AO MAIS PERSEVERANTE..
    “O SUCESSO É A SOMA DE PEQUENOS ESFORÇOS”...

    Parabenizo e homenageio por meio deste o ESCRITOR MARCOS DEBRITO toda a equipe pelo lançamento do livro “À SOMBRA DA LUA”. Parabéns pelo EXCELENTE TRABALHO, DETERMINAÇÃO E PROFISSIONALISMO, realizado neste belíssimo trabalho e um brinde pelo SUCESSO! O potencial de trabalho de vocês é de grande valor para a comunicação brasileira. Recebam esta singela homenagem com meus sinceros votos de muitas realizações e planos futuros. Desejo nestas poucas palavras votos de muita SABEDORIA, CONHECIMENTO, ENTENDIMENTO e principalmente DISCERNIMENTO em todos os seus caminhos. Acabei de depositar na conta de vocês a importância de muitos DIAS, SEMANAS, MESES E ANOS DE FELICIDADE E PROSPERIDADE, SAÚDE, PAZ, AMOR e que Deus estenda às mãos sobre vocês e toda sua família e acrescente 100 por cento de juros em cima de tudo isso.

    “A MAIOR RECOMPENSA PELO TRABALHO NÃO É O QUE A PESSOA GANHA, MAS O QUE ELA TORNA- SE ATRAVÉS DELE.”

    DESEJO SUCESSO!


    PAULINHO Solução
    www.paulinhosolucao.blogspot.com
    paulinhosolucao@gmail.com
    pssolucao@hotmail.com
    Salto/SP

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