Recentemente tive a oportunidade de conhecer
(ainda que virtualmente) o escritor Marcos DeBrito. Fiquei surpreso pela simpatia
com que o autor trata seus leitores. DeBrito respondeu às minhas mensagens e não
hesitou em me conceder esta entrevista. O autor também me enviou o livro para
que eu pudesse lê-lo e resenhá-lo aqui no blog. Tal resenha será apresentada nas
postagens posteriores. Deixo aqui os meus agradecimentos ao autor. Confira
abaixo a nossa entrevista.
DEBRITO
“Não busco um estilo. Acho que busco
escrever sobre o que tenho medo.”
O escritor e cineasta
brasileiro Marcos DeBrito nos brinda com o seu o seu livro À Sombra da Lua, lançado neste mês de setembro pela editora Rocco.
O livro promete ser um clássico do terror nacional.
AOS – Sendo um conceituado e premiado cineasta
brasileiro, o que lhe fez enveredar por trilhar os caminhos da literatura na
qualidade de escritor? E como surgiu a idéia do livro À Sombra da Lua?
Marcos DeBrito - Virar
escritor foi um acontecimento inesperado na minha carreira. Meu ramo principal
de trabalho é roteiro e direção cinematográfica, porém quando escrevi o À
SOMBRA DA LUA como longa-metragem eu percebi que era inviável produzir o
projeto na época devido ao seu altíssimo custo. Como eu gostava muito da
história, não queria deixá-la na solidão de uma gaveta. Eu queria que o À
SOMBRA DA LUA existisse. Essa era minha maior preocupação. Então resolvi
adaptar para romance e felizmente a editora Rocco enxergou qualidades no texto
que o fizeram ser publicado.
AOS - Por que recorrer ao ambiente do século XIX?
DeBrito - Foram vários os motivos,
mas eu diria que o principal foi devido ao momento histórico que o Brasil
estava passando. A intensa imigração italiana no interior paulista nos anos seguintes
à abolição do trabalho escravo me pareceu o cenário ideal para justificar a
presença de uma criatura supostamente oriunda do continente europeu. Outros
elementos do século XIX como o comportamento, os trajes e arquitetura também me
agradavam mais para ambientar uma história romântica de terror.
AOS - Considerando
que o livro trata de um tema do imaginário popular no folclore brasileiro (com
sua raiz na Mitologia Grega), em sua opinião À Sombra da Lua pode ser classificado como um livro de terror?
DeBrito - Particularmente, acredito que não é a melhor definição para o
livro. Porém, quando se existe uma criatura, ou é comprovada uma presença
sobrenatural, é difícil não entrar na convenção do gênero. Eu vejo o À SOMBRA
DA LUA mais num estilo de O LABIRINTO DO FAUNO, do Guillermo Del Toro, ou o
DRACULA, do Coppola. Ambos trabalham de forma mais romântica a questão da
criatura e era dessa maneira que eu queria retratar a minha. Mas se o livro não
estivesse na categoria "Literatura de Horror", estaria, no mínimo,
como "Romance Fantástico".
AOS - Em À Sombra da Lua, você trabalha com personagens muito bem
definidos e um estilo de narrativa contemporâneo. Isso é consciente?
DeBrito - Poderia dizer que sim, é
consciente, porque o texto parte de um planejamento. Faço um esboço de toda a
história, separado por sequências, até o fim. Somente depois de ter tudo que
preciso que começo a escrever. Não é um processo rápido, pois dependendo do que
estou escrevendo, muita pesquisa se torna necessária (como foi o caso do À
SOMBRA DA LUA). Talvez o meu estilo tenha sido descrito como contemporâneo,
pela maneira como boto as palavras no papel. Como sempre escrevo antes como
roteiro para cinema, a imagem da ação está muito clara na minha cabeça. O que
faço é simplesmente descrevê-la e insiro emoções particulares que não seriam
possíveis demonstrar somente com imagem em movimento. Como, no cinema, a maior
preocupação é deixar um espectador preso à cadeira durante duas horas. Você
precisa trazer surpresas de tempos em tempos na trama. E para funcionar, seus
personagens precisam ser coesos. Todos ali têm uma função no universo proposto.
Tentei transpor essa sensação para a literatura, mas acredito ainda estar
procurando o equilíbrio.
AOS - Após a
experiência de ter escrito À Sombra da
Lua, como você define o seu estilo enquanto autor?
DeBrito - Ainda não me defino como
escritor com determinado estilo porque esse foi o primeiro texto. Mas algo que
sei que não mudarei são as descrições pesadas de situações mais fortes e que
nunca abandonarei a discussão sobre o peso da morte. Tenho essa preocupação
recorrente em tudo que faço. Não busco um estilo. Acho que busco escrever sobre
o que tenho medo.
AOS - Quais são suas
maiores influências literárias? Qual autor (a) destacaria como favorito?
DeBrito - Nessa questão,
provavelmente, sou apenas mais um dos vários escritores deste gênero que tem
como inspiração maior o Edgar Allan Poe. Eu diria que ele, e o Álvares de
Azevedo, são meus autores preferidos. Tanto que MACÁRIO é meu livro de
cabeceira e THE RAVEN é um conto que carrego sempre comigo. Como autores, são
meus favoritos. Mas minha influência maior vem do cinema. E nesse campo são
inúmeros os diretores que admiro.
AOS - Qual a sua
análise sobre a literatura contemporânea brasileira?
DeBrito - Não acho que eu tenha
gabarito para analisar a questão da literatura nacional contemporânea porque
leio apenas textos mais antigos. No estilo que gosto, a melancolia se perdeu
muito com o passar do tempo e ainda não encontrei alguém que retomasse esse meu
interesse.
AOS - Em que difere o escritor do cineasta em termos
de proximidade com o público?
DeBrito - Do pouco que já pude ter contato com o público leitor, é uma
relação mais saudável. O espectador do cinema é mais ferino em suas críticas.
Depois de 2hs sentado em uma poltrona, é fácil sair e falar "não
gostei" (ou coisa pior) apenas respaldado por seu gosto duvidoso. Alguns
espectadores reclamam de uma produção como se ela precisasse te sido feita
exclusivamente para ele. E quando há uma controvérsia à sua expectativa
pessoal, o mérito do trabalho lhe parece nulo. Mas isso é apenas uma parcela do
público. O risco de um filme ser massacrado é o mesmo de virar cultuado.
Depende muito das experiências de cada um. Agora, em um livro, como se gasta
mais tempo e esforço idealizando um mundo completamente novo, a imersão parece
maior e consequentemente a empatia com os personagens e universo. Isso parece
coibir o leitor de críticas mais ferrenhas, pois muito da criação parte da sua
própria mente.
AOS - O seu
livro de estréia À Sombra da Lua foi
publicado pela Rocco, uma das editoras mais bem conceituadas do país. Qual conselho ou sugestão você daria aos aspirantes
a autores que ainda trilham o árduo caminho da busca por uma editora?
DeBrito - Persistência. Quando me falaram que seria impossível entrar
em uma editora como a Rocco, eu não desanimei. Não conhecia ninguém do ramo
literário e botei meu trabalho para ser visto. Mandei para umas 6 editoras
pequenas e para a Rocco apenas como um "tiro no escuro". Mas recebi o
telefonema deles e soube que a escolha por publicarem foi unânime. Mas algo que
é OBRIGATÓRIO ser feito antes de mandar para as editoras, é revisão Literária e
Ortográfica. Tenha sempre em mente que o seu texto original não está bom! Há
erros gramaticais, repetição de palavras, pleonasmos e todo tipo de vício que
afasta uma boa leitura. Receber uma crítica antes de enviar é necessário.
Contrate um profissional para fazer isso, pois é um valor bem investido. Antes
de apresentar à Rocco passei por duas revisões literárias. A primeira me fez reescrevê-lo
todo novamente.
AOS - Você já tem novos projetos na área literária?
Caso os tenha, pode nos falar um pouco sobre eles?
DeBrito - Eu estou finalizando meu longa-metragem CONDADO MACABRO (www.condadomacabro.com.br) e assim que
estiver pronto vou terminar o último capítulo do meu próximo livro, intitulado
O ESCRAVO DE CAPELA. Apesar de eu não querer estar preso a um estilo, tanto o
filme como o próximo romance também são de terror, rs. O filme é estilo slasher
anos 80. Já no livro, repaginei a origem do Saci e da mula sem cabeça em uma
história que se distancia do nosso folclore. Reinventei a lenda de forma mais
visceral. Quem já leu a versão de trabalho, achou tão interessante quanto o À
SOMBRA DA LUA. Permaneci com o ritmo cinematográfico das surpresas da trama e
trago personagens com uma dualidade maior entre a bondade e a maldade. Fora
esses, a Rocco já conversou comigo sobre uma trilogia para o À SOMBRA DA LUA e
já estou esboçando as continuações. Mas meus trabalhos mais próximos de serem
vistos no futuro são o CONDADO MACABRO, O ESCRAVO DE CAPELA, e um outro longa
chamado NELSON NINGUÉM (www.nelsonninguem.com).
“A VITÓRIA PERTENCE AO MAIS PERSEVERANTE..
ResponderExcluir“O SUCESSO É A SOMA DE PEQUENOS ESFORÇOS”...
Parabenizo e homenageio por meio deste o ESCRITOR MARCOS DEBRITO toda a equipe pelo lançamento do livro “À SOMBRA DA LUA”. Parabéns pelo EXCELENTE TRABALHO, DETERMINAÇÃO E PROFISSIONALISMO, realizado neste belíssimo trabalho e um brinde pelo SUCESSO! O potencial de trabalho de vocês é de grande valor para a comunicação brasileira. Recebam esta singela homenagem com meus sinceros votos de muitas realizações e planos futuros. Desejo nestas poucas palavras votos de muita SABEDORIA, CONHECIMENTO, ENTENDIMENTO e principalmente DISCERNIMENTO em todos os seus caminhos. Acabei de depositar na conta de vocês a importância de muitos DIAS, SEMANAS, MESES E ANOS DE FELICIDADE E PROSPERIDADE, SAÚDE, PAZ, AMOR e que Deus estenda às mãos sobre vocês e toda sua família e acrescente 100 por cento de juros em cima de tudo isso.
“A MAIOR RECOMPENSA PELO TRABALHO NÃO É O QUE A PESSOA GANHA, MAS O QUE ELA TORNA- SE ATRAVÉS DELE.”
DESEJO SUCESSO!
PAULINHO Solução
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Salto/SP