segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Raimundo Carrero lança livro com textos dele e de Ariano Suassuna desaparecidos há 40 anos


Autor de 23 livros, com um novo romance previsto para o início do próximo ano — “O senhor agora vai mudar de corpo” (editora Record), no qual relata o drama sofrido após um acidente vascular cerebral ocorrido em 2010 —, o escritor Raimundo Carrero está vivendo uma saga digna das histórias fantásticas com as quais tanto conviveu, quando jovem, na leitura de folhetos de cordel na cidade sertaneja de Salgueiro, onde passou a infância e o início da adolescência. Naqueles tempos, eram frequentes os cantadores e violeiros nas feiras do interior. Um conto seu, inspirado nos heróis da literatura popular e posteriormente transformado em poema de cordel por Ariano Suassuna, acaba de ressurgir, mais de 40 anos depois de ter desaparecido em uma enchente do Rio Capibaribe.

A “cheia”, como os pernambucanos chamavam as antes comuns invasões das águas do rio que corta o Recife, acabou com toda a biblioteca de Carrero, levando documentos, originais e esboços de romances. Levou também as plaquetes com o conto “O bordado, a pantera negra”, de Carrero, e o folheto “Romance do bordado e da pantera negra”, de Suassuna, com seu dragão, seu diabo e outras metáforas da aventura humana. Agora, o público terá a chance de conviver com esse universo fantástico, que permaneceu inédito por tanto tempo e foi redescoberto na internet pelo agente literário de Carrero, Stéphane Chao.

O “Romance do bordado e da pantera negra”, que está chegando às livrarias pela Iluminuras, com belas ilustrações de Marcelo Soares, reúne a obra do mestre, que morreu em julho, aos 87 anos — devorado pela “onça caetana”, como Suassuna costumava definir a morte — e de seu discípulo e seguidor assumido. Numa breve introdução ao livro, dedicado a Zélia, viúva do amigo, Carrero explica que escreveu o conto em 1970 com “o propósito claro e objetivo de participar do Movimento Armorial”, lançado um ano antes por Suassuna em Recife, onde ambos trabalhavam na Universidade Federal de Pernambuco.


Fonte: O Globo (Matéria completa e entrevistar com Raimundo Carrero aqui)

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