O surgimento
de duas pequenas editoras voltadas para o nicho e de coleções em editoras já
consolidadas, a Rocco e a Hedra, mostra que o filão recupera fôlego em ano de
economia fraca e de efemérides que lançam títulos como o campeão de vendas 'O
Pequeno Príncipe' em domínio público. Sorte do leitor
Alguém
pode dizer que um clássico nunca sai de moda. Isso não é inteiramente verdade.
Há ciclos de interesse e de oferta que os tornam mais atraentes de tempos em
tempos. Mais quentes. É o que se vê agora no mercado literário brasileiro, e em
boa hora. Em um momento em que a economia caminha para a recessão e grandes
títulos como O Pequeno
Príncipe caem em domínio público ou rumam para tal, duas
pequenas editoras começam a operar focadas nesse nicho, e outras duas já
consolidadas, a Hedra e a Rocco, preparam coleções — de holandeses
“esquecidos” e de obras canônicas para jovens, respectivamente. É uma boa
notícia para o leitor, que tem no filão o seu investimento mais seguro.
Consagrados
pela qualidade e pela maneira como tocam o público, tanto de sua época quanto
das que se seguem a ela, clássicos são livros formadores não apenas de
leitores, mas de escritores e de outras obras, de cultura e de imaginário
coletivo. Quando se fala de amor, não conhecer a história de Romeu e Julieta é,
guardadas as proporções, o mesmo que boiar naquela conversa sobre a novela que
você não acompanha. “Um clássico nunca perde a importância. Lendo clássicos,
a gente se aproxima do nosso passado comum”, diz Juliana Lopes Bernardino,
da Poetisa, editora que iniciou trabalhos no final de 2014 com a ideia de tirar
da gaveta traduções feitas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
onde sua sócia, Cynthia Beatrice Costa, estuda.
O primeiro livro lançado pela editora, que tem sede em Florianópolis, foi uma tradução integral de Bela e a Fera, que só contava com adaptações no mercado brasileiro. O texto é assinado por Marie-Hélène Catherine Torresta, professora da UFSC. O próximo título da Poetisa, previsto para março, será o infantil O Coelho de Veludo, da inglesa Margery Williams (1881-1944), nunca editado no país. Lançado em 1922 na Inglaterra, o livro está entrando em domínio público, algo que, pelas leis brasileiras, acontece 70 anos após a morte do autor. “Nossa intenção é ter de quatro a cinco lançamentos em 2015. Além de clássico ter um retorno mais garantido, há a questão do domínio público. São obras que não custam tanto para a editora”, diz Juliana.
Fonte: Veja
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