Lenna Dunham é um dos exemplos contemporâneos
de apoio à liberdade feminina na TV e na literatura
Foto: Getty Images / Divulgação / CP
de apoio à liberdade feminina na TV e na literatura
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Da
mesma maneira que Patrícia Arquette jogou luz sobre a discussão do
reconhecimento das mulheres no cinema, o mesmo se repete na literatura. O
número de livros publicados sobre o chamado "empoderamento feminino",
nos últimos anos, resceu significativamente. Títulos que variam de ensaios
feministas, como "Meu Corpo Não É Seu", do coletivo Think Olga, aos
best-sellers, como "Por Que os Homens Amam as Mulheres Poderosas", de
Sherry Argov, que, segundo a editora Sextante, bateu a marca de um milhão de
exemplares vendidos no país.
No
entanto, para algumas ativistas da causa, o volume de títulos publicados ainda
é incipiente. Martha Lopes, escritora e fundadora do#Kd Mulheres - selo de
atividades que busca promover as mulheres dentro da literatura -, explica
que o mercado editorial não tem interesse em apostar em escritoras que não
tenham retorno comercial garantido. "Para ser publicado por uma grande
editora, um livro de cunho feminista precisa ter sido escrito por alguém
midiático, como Lena Dunham ou Chimamanda Ngozi Adiche", afirma.
A escritora nigeriana, lembrada por Martha, entrou de cabeça no tema em um TED talk que acabou transcrito, editado e publicado como "Sejamos Todos Feministas", lançado em versão e-book e recentemente publicado em formato de bolso pela Companhia das Letras. Já o livro de Dunham - idealizadora e atriz do seriado americano Girls - é um best-seller mundial. No Brasil, "Não Sou Uma Daquelas" vendeu 17 mil exemplares.
Apesar
de o livro não ser sobre feminismo, mas, sim, um autorretrato de sua vida,
Dunham está entre as celebridades internacionais que chamam atenção para o
assunto na mídia - ao lado de Emma Watson, Beyoncé e Taylor Swift, entre
outras - e, portanto, alcança esse público. No entanto, a grande discussão
crítica de gênero, para Martha, ainda reside na internet e na academia. "O
feminismo está muito apoiado. Vivemos um ‘boom’, mas ainda existem
desafios", pondera.
Um deles, segundo a ativista, parte das próprias autoras no processo da escrita. "As mulheres não se veem representadas nas livrarias, nas premiações, nas mesas de debates. Por isso, também não se sentem encorajadoras a escrever", explica, lembrando que, na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, do ano passado, em que participaram 38 escritores homens e nove mulheres.
Paulo Werneck, curador da Flip, afirma que o debate é válido, entretanto lembra que a festa sempre abre espaços para mulheres, algumas, inclusive, sem editora no Brasil: "Este ano, por exemplo, convidamos Mary Beard que justamente trata dessa questão do espaço da mulher nos debates públicos desde a Roma Antiga, mas infelizmente ela não pode vir", explica. "Nossos critérios são excelência de literatura e disponibilidade do autor", completa.
Lá fora
Nos
EUA, a situação é diferente. O número de livros sobre feminismo é crescente e
rentável. Na mesma linha de Dunham, a lista de atrizes que publicaram suas
histórias fazendo alusão a questões feministas só engorda, com nomes como
Tina Fey, Amy Poehler, Mindy Kaling, entre outras.
Relatando situações como dificuldades no mercado de trabalho, paridade salarial, machismo e maternidade, só para citar alguns temas, essas atrizes, agora escritoras, criaram um nicho de interesse. "O mercado norte-americano está mais estruturado nesse sentido", diz Martha.
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