segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Flip vai homenagear a poeta Ana Cristina Cesar em 2016

 Ana Cristina Cesar, homenagem da Flip em 2016 - Divulgação

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) anunciou ontem o autor homenageado na sua 14ª edição, que vai acontecer entre os dias 29 de junho e 3 de julho de 2016: a poeta carioca Ana Cristina Cesar. Um dos principais nomes da poesia marginal dos anos 1970, Ana Cristina se suicidou aos 31 anos, em 1983. Segundo o editor e jornalista Paulo Werneck, curador da Flip pela terceira vez, o nome da poeta esteve em discussão desde o seu primeiro ano à frente do evento. Ele destacou a influência de Ana Cristina na poesia brasileira contemporânea.

— Há muita gente ainda para homenagear e sempre fazemos um estudo das possibilidades. Eu conheci na adolescência a obra da Ana Cristina Cesar e gosto muito. De certa maneira, a poeisa brasileira contemporânea, de Ana Martins Marques, Bruna Beber e Angélica Freitas, está muito marcada por ela. É um nome que traz a homenagem para os anos 1970, que ainda não tinha sido muito explorado, uma década fundamental para o Brasil e para Paraty — afirmou Werneck.

No fim de 2013, a Companhia das Letras lançou “Poética”, obra que reuniu os livros “Cenas de abril”, “Correspondência completa”, “Luvas de pelica”, “A teus pés”, “Inéditos e dispersos” e “Antigos e soltos”, todos fora de catálogo há décadas. A curadoria editorial foi do poeta Armando Freitas Filho, amigo de Ana Cristina e o responsável legal por seu acervo, hoje sob a guarda do Instituto Moreira Salles (IMS) no Rio. Freitas ficou muito feliz ao saber da homenagem e ressaltou a força do trabalho da amiga mais de 30 anos após a sua morte.

— A Ana Cristina hoje é mais viva do que quando era viva, no sentido literário, porque são várias coisas acontecendo: filme, edição de sua obra completa, palestras no Brasil inteiro sobre o seu trabalho. Eu, como curador da obra dela, estou sempre recebendo notícias boas. E talvez a melhor notícia seja essa da Flip. Afinal, a Flip sempre homenageia grandes autores, na última edição foi Mario de Andrade, antes Drummond, Graciliano Ramos. Aí aparece a Ana ao lado deles. É um lugar mais do que merecido — disse o poeta.

Werneck aponta que a homenagem à poeta será uma maneira de abordar toda a geração da poesia marginal que vive um processo de consagração, citando a exposição “Poesia marginal — Palavra e livro”, com curadoria de Eucanaã Ferraz no IMS.

— As homenagens da Flip estavam muito centradas no meio do século XX no Brasil, nas décadas de 1940, 1950. Agora a gente desloca um pouco. A poesia marginal está junto com a Ana Cristina. É uma geração que marcou a forma de se escrever no Brasil, muito do que se faz hoje passou por nomes como Cacaso e Francisco Alvim.




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