Ana Cristina Cesar, homenagem da Flip em 2016 - Divulgação
A Festa Literária
Internacional de Paraty (Flip) anunciou ontem o autor homenageado na sua 14ª
edição, que vai acontecer entre os dias 29 de junho e 3 de julho de 2016: a
poeta carioca Ana Cristina Cesar. Um dos principais nomes da poesia marginal
dos anos 1970, Ana Cristina se suicidou aos 31 anos, em 1983. Segundo o editor
e jornalista Paulo Werneck, curador da Flip pela terceira vez, o nome da poeta
esteve em discussão desde o seu primeiro ano à frente do evento. Ele destacou a
influência de Ana Cristina na poesia brasileira contemporânea.
— Há muita gente ainda
para homenagear e sempre fazemos um estudo das possibilidades. Eu conheci na
adolescência a obra da Ana Cristina Cesar e gosto muito. De certa maneira, a
poeisa brasileira contemporânea, de Ana Martins Marques, Bruna Beber e Angélica
Freitas, está muito marcada por ela. É um nome que traz a homenagem para os
anos 1970, que ainda não tinha sido muito explorado, uma década fundamental
para o Brasil e para Paraty — afirmou Werneck.
No fim de 2013, a
Companhia das Letras lançou “Poética”, obra que reuniu os livros “Cenas de
abril”, “Correspondência completa”, “Luvas de pelica”, “A teus pés”, “Inéditos
e dispersos” e “Antigos e soltos”, todos fora de catálogo há décadas. A
curadoria editorial foi do poeta Armando Freitas Filho, amigo de Ana Cristina e
o responsável legal por seu acervo, hoje sob a guarda do Instituto Moreira
Salles (IMS) no Rio. Freitas ficou muito feliz ao saber da homenagem e
ressaltou a força do trabalho da amiga mais de 30 anos após a sua morte.
— A Ana Cristina hoje é
mais viva do que quando era viva, no sentido literário, porque são várias
coisas acontecendo: filme, edição de sua obra completa, palestras no Brasil
inteiro sobre o seu trabalho. Eu, como curador da obra dela, estou sempre
recebendo notícias boas. E talvez a melhor notícia seja essa da Flip. Afinal, a
Flip sempre homenageia grandes autores, na última edição foi Mario de Andrade,
antes Drummond, Graciliano Ramos. Aí aparece a Ana ao lado deles. É um lugar
mais do que merecido — disse o poeta.
Werneck aponta que a
homenagem à poeta será uma maneira de abordar toda a geração da poesia marginal
que vive um processo de consagração, citando a exposição “Poesia marginal —
Palavra e livro”, com curadoria de Eucanaã Ferraz no IMS.
— As homenagens da Flip
estavam muito centradas no meio do século XX no Brasil, nas décadas de 1940,
1950. Agora a gente desloca um pouco. A poesia marginal está junto com a Ana
Cristina. É uma geração que marcou a forma de se escrever no Brasil, muito do
que se faz hoje passou por nomes como Cacaso e Francisco Alvim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário