Casa que já publicava ‘O auto da Compadecida’ passa a publicar a obra
completa, além dos inéditos deixados pelo escritor pernambucano morto em 2014
Logo depois da morte de
Ariano Suassuna, em julho de 2014, a imprensa se movimentou para noticiar a
existência de um livro inédito deixado pelo fundador do Movimento Armorial. O
que poucos sabiam, no entanto, é que, além deste livro sobre o qual Ariano se debruçou
por mais de 30 anos, havia diversos outros títulos jamais publicados. Há peças
de teatro, romances, além de um livro de poesia. Tudo isso será publicado pela
Nova Fronteira, que já tem O auto
da Compadecida e A pena e a leino seu catálogo. Além disso,
as demais obras do autor já publicadas e que estavam com a José Olympio também
vão para o catálogo da casa. “Tínhamos dois livros dele, agora temos todos”,
comemorou Daniele Cajueiro, diretora editorial da Nova Fronteira.
“Só se falava de um livro
[Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores]. Fiquei muito surpresa ao saber
que tinha tantos inéditos”, comentou Cajueiro. Para ela, a quantidade de
inéditos deixados por Suassuna tem a ver com o esmero que o autor tinha com as
suas obras. “Ele era uma pessoa muito perfeccionista e trabalhava a obra como
uma grande obra de arte”, sentenciou. O inventário do legado inédito de Ariano
foi feito por Carlos Newton Jr., que foi aluno de Ariano em Recife.
Em 2015, quando se soube
do tamanho exato do acervo, a família e agente literária Lúcia Riff, que
representa a obra do autor, convidaram algumas editoras para apresentarem
projetos para publicação tanto dos inéditos quanto para absorver os títulos que
vinham sendo publicados pela José Olympio cujos contratos vencem agora em
novembro. “Oferecemos a obra do Ariano para as editoras que já publicavam o
autor ou que tinham uma ligação especial com ele e depois avaliamos, junto com
a família. As propostas foram muito boas, muito bem feitas. A escolha foi bem
difícil”, disse Lúcia Riff ao PublishNews. A agente explicou que a experiência
em trabalhar obras clássicas (recentemente, a casa publicou edições caprichadas
de Obra poética de Fernando Pessoa, Grandes obras de Nietzsche e Grandes
obras de Dostoievski: Crime e castigo e Os irmãos Karamazov) e a carreira
bem-sucedida de O auto da Compadecida na casa pesaram na decisão.
Romance de Dom Pantero no
palco dos pecadores, composto por dois volumes (O jumento sedutor e O
palhaço tetrafônico), sai em maio, quando também saem as novas edições de Romance
d´a Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, publicado
originalmente em 1971. Para o segundo semestre, a Nova Fronteira prepara A
história d’o Rei Degolado nas caatingas do sertão, também dividido em dois
volumes: Ao sol da onça Caetana (1977) e As infâncias de
Quaderna, esse segundo publicado em folhetins no Diário de Pernambuco entre
1946 e 1977 e ainda inédito no formato livro.
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