domingo, 27 de novembro de 2016

Obra de Ariano Suassuna vai para Nova Fronteira

Casa que já publicava ‘O auto da Compadecida’ passa a publicar a obra completa, além dos inéditos deixados pelo escritor pernambucano morto em 2014

Logo depois da morte de Ariano Suassuna, em julho de 2014, a imprensa se movimentou para noticiar a existência de um livro inédito deixado pelo fundador do Movimento Armorial. O que poucos sabiam, no entanto, é que, além deste livro sobre o qual Ariano se debruçou por mais de 30 anos, havia diversos outros títulos jamais publicados. Há peças de teatro, romances, além de um livro de poesia. Tudo isso será publicado pela Nova Fronteira, que já tem O auto da Compadecida e A pena e a leino seu catálogo. Além disso, as demais obras do autor já publicadas e que estavam com a José Olympio também vão para o catálogo da casa. “Tínhamos dois livros dele, agora temos todos”, comemorou Daniele Cajueiro, diretora editorial da Nova Fronteira.

“Só se falava de um livro [Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores]. Fiquei muito surpresa ao saber que tinha tantos inéditos”, comentou Cajueiro. Para ela, a quantidade de inéditos deixados por Suassuna tem a ver com o esmero que o autor tinha com as suas obras. “Ele era uma pessoa muito perfeccionista e trabalhava a obra como uma grande obra de arte”, sentenciou. O inventário do legado inédito de Ariano foi feito por Carlos Newton Jr., que foi aluno de Ariano em Recife.

Em 2015, quando se soube do tamanho exato do acervo, a família e agente literária Lúcia Riff, que representa a obra do autor, convidaram algumas editoras para apresentarem projetos para publicação tanto dos inéditos quanto para absorver os títulos que vinham sendo publicados pela José Olympio cujos contratos vencem agora em novembro. “Oferecemos a obra do Ariano para as editoras que já publicavam o autor ou que tinham uma ligação especial com ele e depois avaliamos, junto com a família. As propostas foram muito boas, muito bem feitas. A escolha foi bem difícil”, disse Lúcia Riff ao PublishNews. A agente explicou que a experiência em trabalhar obras clássicas (recentemente, a casa publicou edições caprichadas de Obra poética de Fernando Pessoa, Grandes obras de Nietzsche e Grandes obras de Dostoievski: Crime e castigo e Os irmãos Karamazov) e a carreira bem-sucedida de O auto da Compadecida na casa pesaram na decisão.

Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores, composto por dois volumes (O jumento sedutor e O palhaço tetrafônico), sai em maio, quando também saem as novas edições de Romance d´a Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, publicado originalmente em 1971. Para o segundo semestre, a Nova Fronteira prepara A história d’o Rei Degolado nas caatingas do sertão, também dividido em dois volumes: Ao sol da onça Caetana (1977) e As infâncias de Quaderna, esse segundo publicado em folhetins no Diário de Pernambuco entre 1946 e 1977 e ainda inédito no formato livro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário