segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Literatura teve morte de grandes autores em ano de pouco crescimento


Mais do que por grandes lançamentos, o ano de 2014 foi um ano especialmente triste para a literatura, que perdeu, num único mês, em julho, João Ubaldo Ribeiro, Ariano Suassuna, Ivan Junqueira, Rubem Alves e Nadine Gordimer. Em abril, foi o colombiano Gabriel García Márquez. Em novembro, Manoel de Barros.

A Academia Brasileira de Letras recebeu seus novos imortais: Antônio Torres, Zuenir Ventura, Ferreira Gullar e Evaldo Cabral de Mello. Também imortal, o africanista Alberto da Costa e Silva recebeu o Prêmio Camões, o mais importante da literatura lusófona. O ilustrador Roger Mello ganhou o Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantil e juvenil. O escritor e crítico literário Silviano Santiago, o Prêmio José Donoso, e a poeta Adélia Prado, o canadense Griffin.

Não houve unanimidade nas premiações brasileiras e o destaque foi para Ana Luisa Escorel, que inscreveu seu romance de estreia, Anel de Vidro, na categoria de autores veteranos do Prêmio São Paulo e se tornou a primeira mulher a vencer na categoria principal. Destaque, também, para Laurentino Gomes que venceu pela terceira vez o Jabuti de livro do ano de não ficção por sua trilogia best-seller sobre a história do Brasil. E para a criação do Prêmio Saraiva de Música e Literatura - para trabalhos originais.



O mercado editorial foi surpreendido por algumas notícias. A aquisição da Santillana pelo Grupo Penguin Random House refletiu no Brasil com a fusão da Companhia das Letras e Objetiva/Alfaguara. O Grupo Sextante comprou 50% da gaúcha L&PM. A Amazon começou a vender livros físicos no país, lançou seu serviço de aluguel de e-books sem o apoio de grandes editoras e lidera o comércio de livros digitais por aqui, que ainda é pequeno, mas vem crescendo. Segundo a pesquisa Produção e Venda do Setor Editorial, feita pela Fipe e anunciada este ano, o faturamento das editoras com o e-book saltou de R$ 3,8 milhões em 2012 para R$ 12,7 milhões em 2013 - um indício de que 2014 verá números ainda maiores. Pensando nisso, a Saraiva lançou o Lev, seu e-reader.

Mesmo com esses números, este foi, mais uma vez, um ano sem crescimento. Essa crise, a ameaça da Amazon, que chegou com tudo praticando preços que o mercado não consegue acompanhar, e a relação desigual mantida entre editoras e grandes redes de livrarias e entre editoras e livreiros independentes, levou de volta a lei do preço fixo do livro ao debate.

O cenário, no entanto, não impediu que novas editoras surgissem em 2014. Dois destaques: a Poetisa, que vai dar prioridade a boas traduções, e a Mundaréu, que se dedicará, por ora, a livros de história, filosofia e ficção alemã.

O Brasil passou discreto pela Feira do Livro de Frankfurt um ano após ter sido o convidado de honra e fez bonito na Feira do Livro Infantil de Bolonha, onde foi homenageado. Centenários como o de Julio Cortázar, Bioy Casares e da Primeira Guerra Mundial e ainda os 50 anos do Golpe Militar motivaram o lançamento de dezenas de livros. Em São Paulo, uma caneta que pertencia a Graciliano Ramos foi furtada antes da abertura de exposição dedicada ao autor, no Museu da Imagem e do Som. Em Porto Alegre, vida e obra de Moacyr Scliar foram contadas na mostra O Centauro do Bom Fim. E Belo Horizonte expôs cartas de Carlos Drummond de Andrade na exposição Quase Poema.

O Vale Cultura levou novo ânimo e consumidores para as livrarias - e editores e livreiros seguem na torcida para que ele seja usado em massa para a compra de livros. E o brasileiro, por sua vez, torce para que iniciativas como a da escritora Patrícia Engel Secco de simplificar obras de autores clássicos, como Machado de Assis, autorizada pelo Ministério da Cultura a captar R$ 1,5 milhão e que tanta polêmica causou este ano, não se repitam.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Selo Literário João Ubaldo Ribeiro anuncia obras e autores

A Fundação Gregório de Mattos (FGM) divulgou recentemente, o resultado do Edital do Selo Literário João Ubaldo Ribeiro.
Foram selecionados os livros: A Devoção do Diabo, de Ordep José Trindade Serra (contos); Crônicas Hipermodernas, de Márcia Raquel Carvalhal Gonzalez (crônicas); Partiste, de Paulo Henrique Correia Alcântara (dramaturgia); O Circo da Alegria, a Semente da Felicidade, Maria Betânia dos Santos (literatura infantil); Mar Interior, Renato de Oliveira Prata (poesia); Alzira Está Morta (romance): Ficção Histórica no Mundo Negro do Atlântico, de Goli Almerinda de Sales Guerreiro; Canudos: A Luta, de José Guilherme da Cunha (republicação); e O Sangue é Agreste: Os Livros do Sertão, de Ian Fraser Lima (prêmio jovem autor).

As obras vão compor a Coletânea 2014 do selo, cuja proposta é fomentar o mercado literário em Salvador, com resgate da tradição em lançar obras que exaltam a cultura brasileira.


“É uma honra inaugurar o Selo Literário João Ubaldo Ribeiro na categoria contos. Ele, que era um cronista extraordinário”, disse Ordep Serra, membro da Academia de Letras da Bahia.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Livro reúne cartas curiosas de Fidel Castro, Elvis Presley e até Jack, o Estripador



Na semana em que o mundo recebe boquiaberto a notícia da retomada das relações entre Cuba e Estados Unidos, depois de 53 anos, soa ainda mais curioso lembrar que um dia, quando nem sequer imaginava embrenhar-se na Sierra Maestra, Fidel Castro escreveu uma carta a um presidente americano pedindo uma nota de dez dólares. No dia 6 de novembro de 1940, quando contava viçosos 14 anos (e portanto 13 anos antes de liderar a Revolução Cubana), o rapazola Fidel mandou uma cartinha a Franklin Delano Roosevelt com o curioso pedido. Dizia ele, numa elegante caligrafia tombada à direita: “Meu bom amigo Roosevelt: não sei muito inglês, mas sei o bastante para escrever ao senhor. Eu gosto de ouvir rádio e estou muito contente, porque escutei que o senhor vai ser presidente por um novo período. Se for do seu agrado, mande-me uma nota verde americana de dez dólares, porque eu nunca vi uma nota verde americana e gostaria muito de ter uma. Muito obrigado, adeus, seu amigo, Fidel Castro”.

Encontrado em 1977 por pesquisadores do National Archives and Records Administration, o equivalente nos EUA ao nosso Arquivo Nacional, e citado em “Fidel Castro, uma biografia consentida” (2001), de Claudia Furiati, o documento é uma das centenas de cartas extraordinárias que o pesquisador americano Shaun Usher reúne desde 2009, quando fundou o “Letters of note”, uma espécie de museu on-line. O projeto fez tanto sucesso na internet (1,5 milhão de visitas por mês) que virou um livro homônimo, cuja edição brasileira acaba de chegar às livrarias com o título “Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de pessoas notáveis”, pela Companhia das Letras. Nessa edição, tão caprichada quanto as maiúsculas de Fidel, Shaun seleciona as 125 que considera mais fascinantes. As que conseguiu autorização, publica em fac-símile, com um texto de introdução espirituoso para cada exemplo. O autor defende o valor histórico dos documentos: “Todas vão transportá-lo através do tempo com muito mais eficiência que o livro de história comum. Não imagino melhor maneira de conhecer o passado do que a correspondência geralmente sincera de quem viveu nele”, escreve.

Há cartas de anônimos, de personalidades históricas, de celebridades do showbiz, de personagens de desenho animado. Há cartas desconcertantes, como um bilhete de 1888 cheio de erros de ortografia enviado por Jack, o Estripador, ao delegado que tentava capturá-lo em Londres, dizendo que tinha acabado de fritar metade de um rim (e a outra metade ia numa caixinha junto à carta). Estão lá ainda o telegrama em que a empresa dona do Titanic afirma que não há risco de morte na viagem do navio, em 1912, e a carta a ser lida em rede nacional em 1969 caso o homem não voltasse da Lua.

É quase um romance epistolar involuntário. Na carta em que o gerente de produto das sopas Campbell agradece a “preferência” do artista plástico Andy Warhol pela marca, ele lamenta não ter dinheiro suficiente para comprar uma das obras do artista. Em 1996, o músico Nick Cave implorou que a MTV o retirasse de quaisquer listas de indicados a premiações, e o texto que escreveu para o canal é tão poeticamente turrão que também foi pinçado por Shaun: “Minha musa não é um cavalo e eu não estou em nenhum páreo”. Entre as mais curiosas, há uma do músico Louis Armstrong a um fã seu, um soldado americano que servia no Vietnã, contando como ouvia música em lugares menos distintos do que a guerra. Conta Armstrong, sem qualquer cerimônia, que um dos lugares preferidos para o deleite sonoro era o banheiro, “sentado no trono, sob efeito do ‘Swiss Kriss’” (uma marca de laxante).

Há missivas mais edificantes, como a do cientista Francis Crick explicando ao filho, de 12 anos, em 1953, que naquele dia em seu trabalho tinha descoberto a “linda” estrutura do DNA, “a molécula da vida”. O texto é tão comovente que a carta foi a mais cara a ser vendida em leilão, arrecadando US$ 5,3 milhões. Também estão lá cartas de amor cheias de tristeza: em junho de 1940, a mulher de Winston Churchill escolheu as palavras que tinha à mão para dizer ao marido que ele não era mais tão gentil como antes.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Harry Potter: Autora se arrepende de ter matado personagem


A saga de Harry Potter pode ter terminado nos cinemas, mas na literatura ela continua. É que a criadora do bruxinho, J.K. Rowling, continua escrevendo sobre o universo de Hogwarts em textos que são publicados no site Pottemore.

Em um desses textos, a escritora revela que se arrependeu de ter matado um dos personagens da série. E não estamos falando de Dumbledore, professor que ajudou Harry, ou Snape. Na verdade, Rowling se arrepende de ter matado Florean Fortescue, o proprietário da sorveteria homônima, localizada no Beco Diagonal. O personagem aparece em O Prisioneiro De Azkaban, terceiro episódio da saga.

"Eu inicialmente criei Florean Fortescue para, através dele, fornecer a Harry as pistas para as Relíquias da Morte. O problema é que, quando parei para escrever o livro sobre as relíquias, percebi que Phineas Nigellus Black era um canal melhor, então matei Fortescue sem ter um bom motivo", escreveu a autora.

Depois do sucesso estrondos dos livros e, posteriormente, dos filmes de Harry Potter, J.k. Rowling escreveu Morte Súbida, O Chamado do Cuco e O Bicho de Seda. Esses dois últimos livros, Rowling assinou como Robert Galbraith.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Obra de Guimarães Rosa, "Grande Sertão: Veredas" ganha versão em HQ



Soldados, jagunços e o próprio demônio são algumas das ameaças que podem estar ocultas nas áridas paisagens do sertão nordestino. Assim é descrita a região por João Guimarães Rosa (1908 – 1967) no clássico Grande Sertão: Veredas, que revela um universo com disputas de poder, códigos de conduta e mitos próprios, pelo qual dois reconhecidos artistas gaúchos resolveram se aventurar.

Ambos voltaram vivos – e com um belo resultado a exibir: uma luxuosa graphic novel de 180 páginas, reconstruindo por meio do roteiro de Eloar Guazzelli e das ilustrações de Rodrigo Rosa a história original do escritor mineiro, lançada em 1956. A edição tem tiragem limitada e numerada de 7 mil exemplares.

Fonte: Zero Hora (matéria completa aqui)

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Cartas de Drummond



Até janeiro de 2015, quem estiver em Belo Horizonte (MG) ou visitar a cidade poderá ver cartas escritas pelo poeta Carlos Drummond de Andrade na exposição “Quase Poema - Cartas e Outras Escrituras Drummondianas”.

A mostra reúne um material inédito e representa boa parte das correspondências que o poeta trocou com a mãe e outras pessoas, como familiares e amigos. Embora não seja parte da produção literária do escritor, o curador Marconi Drummond acredita que elas são documentos importantes para muitos leitores.

Ao todo são 88 cartas e documentos escritos por Drummond, cedidos pelo acervo do Memorial Carlos Drummond de Andrade e que nunca haviam sido expostos ao público.

A mostra reúne, ainda, 28 cartas escritas pela mãe do poeta, Dona Julieta Augusta Drummond, e que pertencem ao Instituto Moreira Salles.

SERVIÇO – Quase Poema
Quando: até 18 de janeiro de 2015. De 3ª a 6ª, das 10h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Onde: Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10)
Quanto: entrada franca


Por Andréia Martins

Fonte: Saraiva

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Adolescentes recriam histórias consagradas e publicam na web

Quando encontra um nome perfeito para um personagem ou consegue imaginar um desfecho surpreendente para um novo enredo, Caroline Figueiredo corre para fazer anotações em seu caderno. Depois, a estudante, fã de comédias e filmes como “Jogos vorazes” e “Os Vingadores”, passa tudo para o computador e disponibiliza a produção na internet. Já são mais de 60 histórias acompanhadas e comentadas por leitores de várias partes do Brasil e do mundo. Todas baseadas em “The 39 clues” (“As 39 pistas’’), série de livros que Caroline nem se lembra mais de quantas vezes leu.

— O que faço é fanfiction. Me inspiro para criar novas histórias a partir de outras que gosto — explica a menina de 16 anos sobre o gênero literário nascido na web e definido como “ficção de fã”.


Textos sobre os mais diferentes temas que usam celebridades como personagens e repetem tramas já conhecidas viraram febre entre os adolescentes, que seguem autores novatos como Caroline em sites que abrigam milhares de histórias. Harry Potter é, disparado, o mais citado. Entre as séries de TV, “Glee” e “Doctor Who” saem na frente, já no meio musical, só dá o One Direction. Escrita por uma americana de 25 anos, a fanfic “After” tem grande apelo erótico e um protagonista “mulherengo e bêbado” batizado com o mesmo nome e sobrenome de um dos integrantes da boyband. A trama teve mais de um bilhão de visualizações e deve seguir o sucesso de “Cinquenta tons de cinza”, também originária na internet e inspirada em outra obra: “Crepúsculo.’’ Por questões legais, a versão impressa de “After” teve nomes trocados antes de chegar às livrarias e, em breve, vai virar filme.

— Fanfic não é só sacanagem não — avisa Babi Dewet, de 28 anos, autora da trilogia “Sábado à noite’’, que vendeu mais de dez mil cópias e fala sobre a banda britânica pop McFly.


O primeiro livro de Babi foi bancado pela mãe. Hoje, ela está entre as escritoras mais populares do gênero por aqui. É formada em Cinema, coleciona seguidores no Twitter e no Instagram e com seus longos cabelos com pontas azuladas, dificilmente passa despercebida. Nos braços carrega nove tatuagens, entre elas um Yoda de “Star Wars”, os símbolos das relíquias da morte de “Harry Potter”, e uma estrela igual à do líder do grupo preferido.

Ainda que não tão estilosas como Babi, muitas outras meninas (sim, elas são maioria esmagadora no mundo das fanfctions) sonham em trilhar o mesmo caminho e não medem esforços para isso. Sabem que fórmula pronta não existe, mas reconhecem que há algumas maneiras de fisgar novos leitores na web. Escrever ou pelo menos pensar num título em inglês, por exemplo, pode despertar uma maior curiosidade e resultar num maior número de visualizações.

Enquanto uns acham que usar enredos já conhecidos ou nome de famosos não passa de plágio, há quem veja a produção como uma homenagem.

— Ninguém é verdadeiramente famoso hoje em dia se não tiver sua obra recriada por dezenas, centenas e milhares de fãs — afirma Cristiane Costa, autora de “Sujeito oculto”, livro escrito a partir de uma colagem de diferentes títulos. — O mercado passou a olhar este tipo de literatura com outros olhos. O que chama atenção é o número de visualizações e seguidores. É um tipo de autor que já vem com seu próprio público a tiracolo.


Foi exatamente o que aconteceu com Letícia Black, também conhecida como " Leka Judd. No currículo da escritora de 24 anos há 90 fanfics espalhadas pela internet e o recém-lançado “Garota de domingo”, que fala sobre o conturbado romance entre Pam e Davi. O livro de Letícia está nas estantes de grandes livrarias dividindo espaço com séries best sellers internacionais como “Diário de um banana”.

Marcella Moreira tem 19 anos e é autora de 18 fanfics (“Eu escrevo muito e muito devagar”, confessa). Como Letícia, Cell é uma das participantes do Clube das Autoras, site que existe há dois anos, tem 30 mil leitores e cerca de 200 textos disponíveis.

— Os homens têm preconceito com o nosso trabalho. Acham que só escrevemos sobre bandas com garotos bonitinhos. Mas não sou dessas que ficam apaixonadas por qualquer um. Meu coração bate mais forte é pelo Fluminense — conta Marcella, que não tem namorado e é autora de alguns contos indicados apenas para maiores de idade por relatarem triângulos amorosos, traições e vinganças.

Beatriz Sosinho, de 16 anos, também fala e escreve sobre esses e outros assuntos, em tese “proibidos” para menores como ela. Prefere usar títulos em inglês e sempre cita bandas e cantores em seus textos. A ideia de “The fox and the snake” veio de “Hey you”, do Pink Floyd, e a história medieval “Stairway to heaven” foi batizada como a música do Led Zeppelin.

— Conheci o Sex Pistols lendo fanfics, sabia? — comenta Beatriz, a BJ Stewart.


Enquanto alguns carregam o laptop para a cama para acompanhar as aventuras de seus personagens favoritos, outros leitores chegam a imprimir páginas e mais páginas de textos como uma forma de driblar o controle dos pais.

— Já fiz isso, mas hoje prefiro ler no celular mesmo. Aí sei que ninguém vai implicar comigo. Se pudesse, passava noites em claro lendo, mas tenho que acordar cedo para ir para a escola — reclama Giovana Rita, de 17 anos, fã de mitologia grega e autora de cinco fanfics.

Um dos segredos do sucesso das “ficções de fãs” é a possibilidade de dar ao leitor a chance de “customizar” o que vai ler. Antes do acesso ao texto, muitas delas permitem que se escolha o nome, cor dos olhos e cabelos do protagonista, além do nome do melhor amigo ou pretendente. É uma maneira de ser inserido no cenário e fazer parte do universo que tanto gosta.

Nos Estados Unidos, só o site Fan Fiction tem cinco milhões de textos em 30 idiomas, e um dos principais no Brasil, o Fanfic Obsession, disponibiliza mais de oito mil histórias de diferentes gêneros, tem 18 mil acessos todos os dias de 25 países e 97% dos leitores do sexo feminino, entre 14 e 21 anos. Vislumbrando um mercado dos mais lucrativos, a Amazon permite desde o ano passado que fanfics sejam vendidas através do Kindle Worlds. Lá, a regra é clara: os lucros com as vendas devem ser divididos com os autores das obras originais.

— Acho o máximo participar de tudo isso e não ligo para quem diz que o que a gente faz é plágio. Esta é uma forma de incentivar a leitura e fazer novos amigos — acredita Giovanna Lobo, de 16 anos, que tem 36 textos publicados e um deles, “Anjo imperfeito”, com partes inteiras copiadas em outra fanfic na semana passada. — Não tem jeito. Até a gente corre esse risco.


Fonte: O Globo

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

As novidades em literatura



O final do ano traz diferentes lançamentos para quem pretende aproveitar a época para colocar a leitura em dia ou presentear amigos e familiares. Entre os destaques estão a nova série de Bernard Cornwell e um ensaio sobre o perdão escrito por Desmond Tutu e sua filha.

Veja abaixo dez títulos para ficar de olho entre os lançamentos de final de ano:

Rebelde - Vol. 1 - As Crônicas De Starbuck (Record), de Bernard Cornwell

Mais uma série do renomado autor e criador de Crônicas Saxônicas, entre outros. Aqui, Cornwell conta a história do jovem nortista Nathaniel Starbuck, que acaba se rebelando a favor dos sulistas durante a Guerra de Secessão dos Estados Unidos, em 1861. Em pré-venda. Lançamento: 9 de dezembro.

O Grande Fora da Lei - A Origem do GTA (DarkSide Books), de David Kushne

Ver as tramas dos videogames sendo adaptadas para a literatura já está se tornando comum. Agora, você poderá conhecer mais sobre os criadores de um dos jogos mais importantes da indústria dos games, o GTA (Grand Theft Auto), neste perfil que o autor faz dos irmãos Sam e Dan Houser. Em pré-venda. Lançamento: 5 de dezembro.

A série que você já conhece chega em um box especial, com encadernação em capa dura e textura aveludada. Além disso, a capa é gravada em clicheria em ouro e suas páginas marcadas com uma fita em seda. A edição é limitada. Em pré-venda. Lançamento: 5 de dezembro.

O Livro do Perdão (Valentina), de Desmond Tutu e Mpho Tutu

Perdoar e pedir perdão não são atitudes fáceis para muita gente. E é sobre esse tema que Desmond Tutu, prêmio Nobel da paz, se debruça no livro escrito com a filha Mpho Tutu. Os autores desenvolveram uma metodologia, o Quádruplo Caminho do Perdão, que consiste nas etapas de contar a história, dar vazão à mágoa, conceder o perdão e renovar ou abrir mão do relacionamento na busca por cura e transformação. O livro traz histórias pessoais e de terceiros, além de estudos científicos, exercícios e orações de apoio.

Assassin’S Creed HQ - Aquilus - Vol. 2 (Record), de Corbeyran e Djallali Defali

Mais um livro da série de games. Desta vez, após escapar de Abstergo com a ajuda de Lucy, Desmond se junta aos Assassinos na luta contra os Templários. Lançamento: 5 de dezembro.

Crônicas da Guerra Na Itália (Record), de Rubem Braga

O livro de crônicas do autor estava há 18 anos fora de catálogo. Os textos foram escritos para o Diário Carioca durante a Segunda Guerra Mundial. O autor não registra apenas o horror dos campos de batalha, o desespero dos soldados e o nazi-fascismo, mas conta histórias dos lugares por onde passou, a primavera na Itália, as pessoas que conheceu, o sofrimento com a neve e o frio. Em pré-venda. Lançamento: 9 de dezembro.


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Editor que lançou 'Graça infinita', de David Foster Wallace, dá detalhes sobre o livro


Em 1994, quando o editor americano Michael Pietsch terminou de ler pela segunda vez as mais de 1.600 páginas do manuscrito de “Graça infinita”, enviou uma carta entusiasmada ao autor, David Foster Wallace. “Esse é exatamente o tipo de desafio e aventura que eu buscava quando me tornei editor”, escreveu. Mas pediu para o autor enxugar o texto. A obra foi lançada dois anos depois com pouco mais de mil páginas. Em entrevista ao GLOBO por e-mail, Pietsch, atual CEO do grupo Hachette, fala sobre sua amizade com Wallace, descreve a “aventura” de editar “Graça infitina” e comenta a delicada tarefa de lançar o romance póstumo “The pale king”, que o autor deixou inacabado ao se matar, em 2008 (que a Companhia das Letras lança em 2015).

“Graça infinita” é o grande romance americano de fins do século XX, o livro com o qual você tem que lidar para entender as correntes mais profundas da vida no país naquele momento: autoconsciência, prosperidade, infelicidade, complexidade, a busca por um sentido. David mostrou que era possível criar ficção ambiciosa e desafiadora sobre os grandes temas - e encontrar um público para ela. O livro ainda é muito lido, sobretudo por jovens. Vejo sua influência em toda parte, em romances sagazes que usam campos de conhecimento muito específicos para abrir questões mais amplas, romances que mesclam humor e tristeza. Não vejo seu gosto pela experimentação formal em muitos lugares, mas pode ser que haja uma influência maior do que eu saiba.

Fonte: O Globo (matéria completa aqui)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Livro revela memórias musicais de Nelson Motta


Nelson Motta é um jornalista que tem trânsito livre nos bastidores da MPB e do pop nacional. Ao longo de décadas, Nelson foi testemunha ocular e auditiva das evoluções, mudanças e diversas fases da música brasileira.

Completando 70 anos em 2014, Nelson está em festa. Para celebrar a especial data, ele compartilha com os fãs as experiências vividas ao longo dos últimos anos. Após uma série de televisão e a edição do disco Nelson 70, o jornalista lança agora o livro As Sete Vidas de Nelson Motta.

Entre os 96 textos escritos pelo autor estão crônicas – em sua grande parte, sobre música – feitas por Motta para jornais, desde a década de 60. Dentre os personagens abordados por Nelson estão grandes personalidades, como Roberto Carlos, Ney Matogrosso e Maria Bethânia.

Além da seleção de crônicas, a obra também traz alguns novos textos, escritos por Nelson Motta especialmente para esse projeto, relembrando fatos que ainda não haviam sido revelados em seu livro de memórias anterior, Noites Tropicais.

Organizado de forma livre, sem se prender à cronologia, mas aproximando os temas e artistas, As Sete Vidas de Nelson Motta apresenta um amplo panorama das últimas décadas da música brasileira, que o jornalista viveu e ouviu de perto.