Em
1994, quando o editor americano Michael Pietsch terminou de ler pela segunda
vez as mais de 1.600 páginas do manuscrito de “Graça infinita”, enviou uma
carta entusiasmada ao autor, David Foster Wallace. “Esse é exatamente o tipo de
desafio e aventura que eu buscava quando me tornei editor”, escreveu. Mas pediu
para o autor enxugar o texto. A obra foi lançada dois anos depois com pouco
mais de mil páginas. Em entrevista ao GLOBO por e-mail, Pietsch, atual CEO do
grupo Hachette, fala sobre sua amizade com Wallace, descreve a “aventura” de
editar “Graça infitina” e comenta a delicada tarefa de lançar o romance póstumo
“The pale king”, que o autor deixou inacabado ao se matar, em 2008 (que a
Companhia das Letras lança em 2015).
“Graça infinita” é o grande romance americano de
fins do século XX, o livro com o qual você tem que lidar para entender as
correntes mais profundas da vida no país naquele momento: autoconsciência,
prosperidade, infelicidade, complexidade, a busca por um sentido. David mostrou
que era possível criar ficção ambiciosa e desafiadora sobre os grandes temas -
e encontrar um público para ela. O livro ainda é muito lido, sobretudo por
jovens. Vejo sua influência em toda parte, em romances sagazes que usam campos
de conhecimento muito específicos para abrir questões mais amplas, romances que
mesclam humor e tristeza. Não vejo seu gosto pela experimentação formal em
muitos lugares, mas pode ser que haja uma influência maior do que eu saiba.
Fonte: O Globo (matéria completa aqui)
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