sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Poema de Fim de Ano - Desejo

Olá, pessoal!



Passei só para avisar que a partir de agora as novas postagens serão feitas direto no meu site: 

MAX MORENO WEBSITE OFICIAL        (www.maxmorenooficial.com.br)

Espero vocês lá ;)





Um grande abraço!


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Única vai publicar peça que deu origem ao filme ‘Fences

Nos EUA, o filme Fences, baseado na aclamada peça teatral escrita por August Wilson e ganhadora do Prêmio Pulitzer de Teatro em 1987, estreia nos cinemas no dia 25 de dezembro.

Dirigido e estrelado por Denzel Washington, o filme retrata as vivências dos africano-americanos no século XX ao apresentar a vida de Troy Maxson e os conflitos vividos por sua família, que são intensificados quando seu filho, Cory, decide seguir carreira no beisebol – antigo sonho do pai. Troy aprendeu a viver num mundo hostil, uma América onde ser negro e orgulhoso significava sofrer pressões capazes de quebrar a alma e o corpo de um homem.

A estreia do filme no Brasil ainda não tem data marcada, mas está prevista para acontecer entre janeiro e fevereiro. Apostando no potencial do filme, que já concorre a dois Globo de Ouro, a Única (Gente) prepara a publicação da versão brasileira da peça. O livro deve chegar às livrarias em fevereiro.

Fonte: PublishNews


domingo, 27 de novembro de 2016

Obra de Ariano Suassuna vai para Nova Fronteira

Casa que já publicava ‘O auto da Compadecida’ passa a publicar a obra completa, além dos inéditos deixados pelo escritor pernambucano morto em 2014

Logo depois da morte de Ariano Suassuna, em julho de 2014, a imprensa se movimentou para noticiar a existência de um livro inédito deixado pelo fundador do Movimento Armorial. O que poucos sabiam, no entanto, é que, além deste livro sobre o qual Ariano se debruçou por mais de 30 anos, havia diversos outros títulos jamais publicados. Há peças de teatro, romances, além de um livro de poesia. Tudo isso será publicado pela Nova Fronteira, que já tem O auto da Compadecida e A pena e a leino seu catálogo. Além disso, as demais obras do autor já publicadas e que estavam com a José Olympio também vão para o catálogo da casa. “Tínhamos dois livros dele, agora temos todos”, comemorou Daniele Cajueiro, diretora editorial da Nova Fronteira.

“Só se falava de um livro [Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores]. Fiquei muito surpresa ao saber que tinha tantos inéditos”, comentou Cajueiro. Para ela, a quantidade de inéditos deixados por Suassuna tem a ver com o esmero que o autor tinha com as suas obras. “Ele era uma pessoa muito perfeccionista e trabalhava a obra como uma grande obra de arte”, sentenciou. O inventário do legado inédito de Ariano foi feito por Carlos Newton Jr., que foi aluno de Ariano em Recife.

Em 2015, quando se soube do tamanho exato do acervo, a família e agente literária Lúcia Riff, que representa a obra do autor, convidaram algumas editoras para apresentarem projetos para publicação tanto dos inéditos quanto para absorver os títulos que vinham sendo publicados pela José Olympio cujos contratos vencem agora em novembro. “Oferecemos a obra do Ariano para as editoras que já publicavam o autor ou que tinham uma ligação especial com ele e depois avaliamos, junto com a família. As propostas foram muito boas, muito bem feitas. A escolha foi bem difícil”, disse Lúcia Riff ao PublishNews. A agente explicou que a experiência em trabalhar obras clássicas (recentemente, a casa publicou edições caprichadas de Obra poética de Fernando Pessoa, Grandes obras de Nietzsche e Grandes obras de Dostoievski: Crime e castigo e Os irmãos Karamazov) e a carreira bem-sucedida de O auto da Compadecida na casa pesaram na decisão.

Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores, composto por dois volumes (O jumento sedutor e O palhaço tetrafônico), sai em maio, quando também saem as novas edições de Romance d´a Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, publicado originalmente em 1971. Para o segundo semestre, a Nova Fronteira prepara A história d’o Rei Degolado nas caatingas do sertão, também dividido em dois volumes: Ao sol da onça Caetana (1977) e As infâncias de Quaderna, esse segundo publicado em folhetins no Diário de Pernambuco entre 1946 e 1977 e ainda inédito no formato livro.


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A desconhecida que superou Verissimo e Rubem Fonseca


Divulgado no último dia 11, o Prêmio Jabuti 2016 causou surpresa, pelo menos na categoria “Contos e Crônicas”. Ainda pouco conhecida, a escritora gaúcha Natalia Borges Polesso, de 35 anos, derrotou nomes como Rubem Fonseca, Luis Fernando Veríssimo, Luiz Eduardo Soares e Antonio Carlos Viana. Nem mesmo a própria autora, que foi recompensada por seu segundo livro de contos, “Amora” (Não Editora), imaginava que iria vencer.


— Conhecendo o trabalho das escritoras e dos escritores que figuravam entre os finalistas, pensei que ali entre os dez já estava a minha imensa alegria e comemoração — conta Natalia, em entrevista por email. — Quando saiu o resultado demorei alguns minutos para entender.

Natalia publicou a sua primeira coletânea de contos, “Recortes para álbum de fotografias sem gente” (Modelo de Nuvem), em 2013 — um projeto inaugural e “um tanto cru em termos de técnica”, como ela mesmo define, que juntava vários recortes em prosa poética. Depois de um livro de poemas (“Coração na corda”), veio “Amora”, uma obra mais pensada. A ideia era trabalhar com protagonistas lésbicas, falando sobre relações de afeto, mas não de maneira erótica.

— A gente fala lésbica e a galera já pensa em sexualidade — diz a autora. — O erotismo tangencia alguns contos, mas estou mais preocupada em contar histórias de vida. Os textos tratam de vários tipos de relação, desde curiosidades infantis por figuras enigmáticas ou estranhas até amores adultos e na velhice. Nesses três livros que publiquei, tratei direta ou indiretamente de relações homoafetivas. Com o tempo, fiz desse ponto de vista uma escolha estética, porque acho importante que essa experiência seja vista, reconhecida e respeitada.

Moradora de Caxias do Sul, uma cidade de 500 mil habitantes no Rio Grande do Sul, que ela não considera nem “interior” nem “grande centro” do Brasil, Natalia vive numa espécie de meio termo de espaço e de mentalidade. Embora não saiba dizer se isso faz dela uma “escritora periférica”, acredita que, como mulher e lésbica, acaba ocupando “um lugar de fala que faz um contraponto necessário num mar de vozes masculinas”.


— Personagens lésbicas não são uma novidade na literatura brasileira, mas parece-me que é um assunto pouco explorado — diz. — Quero pensar que hoje existem mulheres escrevendo sobre isso e de todos os pontos de vista possíveis. E quero essas vozes em feiras e festas literárias. Quero dizer: estamos aqui escrevendo e (r)existindo.

maxmorenooficial.com.br


quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Programa TPM entrevista o escritor Max Moreno


Na entrevista concedida ao programa TPM (Tudo Pode Mudar), Max fala sobre sua trajetória de vida, seu livro de estreia (A Outra Sombra), novos projetos e o desafio de ser escritor no Brasil.





Livro no Skoob

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Max Moreno é entrevistado pela Galega (e seus Livros)


Olá, pessoal.

Dias atrás, recebi uma mensagem da Galega (Galega e seus Livros) me perguntando se eu podia conceder uma entrevista a seus leitores. Fiquei, de fato, muito feliz em poder compartilhar um pouco da minha história e alguns dos meus planos literários. Agradeço a galega pela gentileza do convite.



O conteúdo da entrevista você confere aqui.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

A Outra Sombra - Resenha

Resenha: A Outra Sombra - Max Moreno

''Lembrei-me da ternura sempre presente nos olhos de minha mãe. A paz e a suavidade transmitida naquele olhar valiam mais do que mil palavras. Sua maneira de olhar e de falar me transporta para um mundo mágico, onde nada podia me atingir. Uma fortaleza, longe de anjos e demônios, onde eu estava protegido de todo o mal. Lembrei-me do abraço forte e protetor de meu pai; da sua voz rouca e firme, num perfeito contraste entre suavidade e o cansaço; do seu jeito de sorrir. Percebi que lágrimas me escorriam na face. Eu ainda tinha tanto para dizer! Mas não houve tempo. O anjo da morte, sempre implacável, chegou primeiro. Interrompeu todos os meus sonhos.''


Terminei esse livro arrepiada. Com um forte aperto no coração e com os olhos borrados de tanto chorar. Chorei bastante depois de terminar de ler. Aquele momento em que o livro acaba e você olha para o nada. Fica ali fitando a parede branca enquanto absorve e entende a mensagem central. Interpreta o que de bom aquela obra trouxe pra você. E chora mais um pouco quando compreende. Respira. Toma uma água e senta para escrever. Foi o que aconteceu comigo ao ler o livro A Outra Sombra do autor Max Moreno.

''Compreendeu que ninguém está imune ao lado bestial da natureza humana.''

Nada poderia ter me preparado para esse tipo de leitura e reflexão. Quando li a sinopse não sabia muito bem o que esperar, sabia que um dos temas do livro seria a morte. Pensei em algumas coisa estilo suspense e terror, talvez. Não foi o que encontrei. Encontrei uma história simples e direta, forte.Em parte o tipo de coisas que podem acontecer com milhares de pessoas, nesse grande mundo. Por outra parte mexe com um lado de crenças e religião até! Cada um tem o seu. Ou você acredita ou não. Afinal... quem somos nos para afirmar o que acontece com as pessoas após a morte? Existe vida? Céu e inferno? Anjos? Purgatório?

''Somente um coração puro pode ser digno de perdão.''

Tudo começa com um acidente. Um acidente que mata três jovens. Somente o espírito de Vinicius permanece na terra. Ele terá que passar por algumas missões. Essas missões se entrelaçam com três história completamente diferentes. Cada uma com um propósito, uma reflexão. Uma lição. Cada missão mostra histórias que poderiam acontecer com qualquer pessoa, caminhos que tomamos e nos levam a um determinado fim. Nem sempre feliz. É difícil para mim inclusive pensando na vida e na ficção ver a morte direta ou indireta como um final feliz.

''O amor é um campo mimado onde a felicidade e a profunda decepção andam lado a lado, numa espécie de linha tênua que delimita o paraíso e o inferno.''

As missões:
A primeira história foi a que mais mexeu comigo em todos os sentidos. Temos uma família feliz. Tudo esta muito bom, muito bem, quando determinado dia uma menininha que ia até a casa da vó mostrar seu desenho... Desaparece. Nunca chega ao seu destino. Juliana! O que aconteceu com Juliana? Essa história foi brutal para mim. Senti muita raiva, muito ódio. Pensar que isso realmente acontece. Que o ser humano pode cometer mais brutalidades que um animal irracional, foi muito pesado. Ao ponto de eu ter que parar e respirar, algumas vezes ao longo da leitura.

A segunda missão me emocionou. Me alegrou em determinado ponto e me entristeceu em outro. Conta a história de Iracema, umas senhora idosa sozinha em um hospital em um estado de câncer terminal. De todas as histórias foi a que terminei mais feliz. E ai vem a minha concepção de final feliz. E durante todo o livro eu me lembrei de uma criança que foi mencionada nessa história, ante de chegarmos a Dona Iracema. Arrepios de novo e mais lágrimas.

'' - Trata-se de uma provação - disse Josué.
- Perderam a Fé. Não acreditam mais que para Deus nada é impossível.
Concordei num breve gesto com a cabeça. Não quis demonstrar que já me sentira assim várias vezes. Creio que, pelo menos uma vez na vida, muitas pessoas já se sentiram assim, abandonadas pelo criador. Como se Ele não nos ouvisse mais. Como se as nossas súplicas não fossem dignas de Sua infinita bondade.''

A terceira missão. Já mexeu com uma concepção minha de outra forma. O homem cometeu atos horríveis. Não foi bom desde pequeno, mas havia sombra em volta dele. Descritas como vozes que sussurravam e o induziam a fazer determinadas coisas. Doença? Espíritos ruins? Vai do que cada uma credita. Eu acredito que os espíritos podem sim influenciar os atos das pessoas. Mas se essas pessoas tem saídas, em se entregar ou não! Já é outra história. Claro que é minha opinião aqui!

''Detive-me a menos de dois metros do homem e pude constatar algo assustador. Havia sombras próximas a ele. Pareceu-me que espíritos das trevas sussurravam dissimuladamente ao seu ouvido. Concluí que talvez eu houvesse sido enviado ali para livrá-lo de tais sombras.''

Com temas como violência contra a mulher, contra crianças, Abandonos de idosos, entre outros o Autor mescla com uma escrita maravilhosa e até poética e brinca com nossas concepções, nossas crenças. A visão que temos da morte! Foi um livro maravilhoso, pesado para mim em algumas partes. Mais incrível. Toda a sua mensagem. Toda a forma de abordagem me fez terminar a obra muito emocionada.

'' Isso não me pareceu um bom sinal, pois quando os anjos não se pronunciam, é porque a luz não chegará aquele espírito.''

Quando eu li A Culpa é das estrelas, eu terminei o livro de forma e sentimentos muito semelhantes, apesar de serem temas e abordagens diferentes, eu terminei a resenha dizendo que se eu pudesse falar alguma coisa para o autor, eu diria muito obrigada. E agora com essa Obra eu tive a chance de poder agradecer ao Autor, de terminar e ir lá e deixar um recadinho para o Max dizendo: ''Muito obrigada por escrever esse livro!'' - se eu pudesse eu entregaria um exemplar na mão de cada seguidor meu e diria: ''Leia! Vai fazer bem para você!
Vai te fazer enxergar a vida com outros olhos!'' - eu faria!

''Sustentavam que o amor constitui a base de tudo nesta vida e que qualquer outra coisa, por maior ou mais importante que poça parecer, é mero detalhe.''

Um livro muito bonito, bruto, misterioso, instigante! Aquele tipo de Obra que todos deveriam ler!

'' O que é denominado por muitos destinos, eu chamo de caminho.''



Download gratuito do livro aqui

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Amazon e Nova Fronteira anunciam prêmio para escritores independentes

Amazon e a editora Nova Fronteira anunciaram a criação do Prêmio Kindle de Literatura, voltado a escritores independentes. Os concorrentes devem publicar suas obras em formato digital exclusivamente no Kindle Direct Publishing (KDP), plataforma de autopublicação da Amazon.


O vencedor, a ser anunciado em 17 de janeiro de 2017, vai levar R$ 20 mil e um contrato com a Nova Fronteira para publicar a versão impressa do livro. As inscrições foram abertas nesta quinta e vão até 30 de novembro.

As exigências para participar do Prêmio Kindle de Literatura são:

– o romance precisa ser inédito, escrito em português e publicado originalmente de graça em formato digital no KDP (a ferramenta é gratuita) entre 1º de setembro e 30 de novembro.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

"El Laberint dels Espirits" - Novo livro de Carlos Ruiz Zafón

O grande momento está chegando.

Em breve você vai conhecer o novo livro de Carlos Ruiz Zafón: El Laberint dels Espirits



Daniel Sempere não é mais aquele garoto que descobriu o único exemplar de A Sombra do Vento, no Cemitério dos Livros Esquecidos. Agora, Sempere é um jovem que, embora ainda guarde as lembranças do rosto de sua mãe, está em busca de toda a verdade sobre sua história.

Novamente seremos arrastados para uma história fascinante, onde encontraremos todos os protagonistas da saga A Sombra do Vento com suas verdades e segredos.

Uma história inesquecível que fará você se lembrar porque gosta de ler.


O site do autor informa que o livro estará à venda no dia 17 de Novembro. Entretanto, no site da editora Planeta ainda não há ainda notícia sobre o lançamento do livro no Brasil.



terça-feira, 30 de agosto de 2016

E o título (do seu livro)?

Você coloca qualquer nome no seu filho?
Raimundo Carrero 

O título é a chave para toda a compreensão da obra; é a confrontação do autor com o mundo




Claro que não. Nem mesmo o filho da outra. Pode ser da outra, mas é seu, e está acima do bem e do mal. Título de livro é assim: não importa a origem, tem que ser bom. Se possível, ótimo. É um dos elementos decisivos da obra literária. Mesmo quando soa estranho, a exemplo de No Urubuquaquá, no Pinhém, de Guimarães Rosa.

E livro é mesmo uma espécie de filho que vai viver solto na pradaria. Não pode falhar. É astuto, tem coragem, e seduz. Mas não precisa ser Don Juan. Nem mesmo O belo Antônio, que as complicações são muitas. E demais. Portanto, deve ser extremamente sério - mesmo quando irônico ou cômico, tão sério quanto o nome de um personagem ou de uma região. Por exemplo, Macondo, de Gabriel García Márquez, ou Yoknapatawpha, de Faulkner. No meu caso, criei a região geográfica Arcassanta, que pode ser uma fazenda, um povoado, uma cidade, ou apenas um simples lugar deslocado do mapa, à beira da estrada, de um rio, de um açude. Érico Veríssimo inventou Antares. Outros autores preferem nomear os lugares pelo nome que receberam na tradição. De minha, porém, prefiro ter mais liberdade. Minha região começou com Santo Antônio do Salgueiro, pode ser simplesmente Salgueiro, e evoluiu para Arcassanta, porque não sou retratista, sou intérprete.

Portanto, se há tanto cuidado com nomes de regiões e de personagens, então é fundamental que seja assim também com os títulos. Há, porém, um dado importante: o título deve surgir a partir de dois caminhos:

1) Pelas epígrafes, conforme a temática ou a reflexão.
2) Pelos pontos de vista. Ou do ponto de vista, segundo decisão do autor. Mas não existe apenas um ponto de vista numa obra. De forma alguma. Encontra-se o título em epígrafes e pontos de vista.

A) Pontos de vista:
Na técnica, são muitos os pontos de vistas divididos em, pelo menos, três:
1) Ponto de vista do autor, que coordena todos os demais.
2) Ponto de vista do narrador, que pode ou não coincidir com o autor.
3) Ponto de vista do personagem ou dos personagens.

Sempre destacando que, no nosso caso, ponto de vista é a idéia ou a ideologia do autor, do narrador ou do personagem, no sentido amplo, e não foco narrativo, que é a técnica que o autor escolhe, através do seu narrador ou do personagem. Não esquecer nunca que A hora da estrela, de Clarice Lispector, tem quatorze títulos, mas só um aparece na capa do livro, e mais: logo no começo do texto, ela explica, através do narrador Rodrigo, quais as razões de tantos títulos.

Mostra, por exemplo, que um título pode ter dois pontos no princípio e no fim para causar maior impressão ao leitor, ou usar palavras soltas que facilitem a compreensão. Mas opta por A hora da estrela que, embora ambíguo, aponta para o brilho ofuscado de Macabéa.

Mas para efeito de classificação, podemos distinguir três situações para escrever títulos:

1) No caso do ponto de vista do autor, um exemplo clássico é Crime e castigo, de Dostoievski. Isto é, o título representa a ideologia do autor e já registra a opinião que ele tem sobre o assunto. Está sob o domínio dele. Todos os outros assuntos são resultantes do primeiro. Ou, ainda, Um coração simples, que interpreta o autor, a opinião de Flaubert sobre Felicidade, que vem de Madame Bovary.
2) A pedra do Reino, de Ariano Suassuna, é um título cultural, mas sob o ponto de vista do narrador Quaderna.
3) Dom Quixote, Madame Bovary e Anna Kariênina, por exemplo, são títulos tipos de ponto de vista do personagem, porque toda narrativa estará sempre sobre o seu comando. Revela um enorme e decisivo "Eu".

B) Epígrafes:
Numa outra categoria, essa idéia ou ideologia vem também assinalada numa epígrafe, quando o autor deseja esclarecer, de logo, o mistério do texto, ampliá-lo ou provocá-lo. O nome da rosa, de Umberto Eco, não tem uma epígrafe, mas é, por assim dizer, antecedido de uma abertura em itálico, seguida de uma nota, onde são oferecidas informações decisivas para o leitor. No entanto, o breve texto Pós-Escrito a O Nome da Rosa tem uma epígrafe, que pode esclarecer o próprio romance, a partir de uma estrofe de Santa Joana Inês de La Cruz:

Rosa que al prado, encarnada,
Te ostentas presuntuosa
De grana y carmín boñada:
Campo lozana y gustosa;
Pero no, que siendo hermosa
También será desdichada.

Assim, ela pode servir de chave interpretativa tanto do pós-escrito quanto do próprio livro, de forma a decifrar caminhos insondáveis. Claro que cada leitor faz sua própria interpretação, seguindo os caminhos indicados por Santa Joana ou não. Cada um conhece as suas próprias estradas. Diz o verso que o caminheiro é quem faz o caminhar. Mas não deixa de ser motivo de estudo. Sobretudo da realização de um título. De minha parte, por exemplo, sempre achei que Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, representa a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, sendo um auto natalino. Mas essa é a minha interpretação. Pode não ser nem mesmo a do poeta, a do leitor, ou a do exegeta.

De minha parte, porém, gosto de usar epígrafes como chaves interpretativas, que provocam o título. Em Somos pedras que se consomem sou muito breve e uso uma frase de John Fante: "Cada palavra deste livro é pura verdade". Por quê? Porque o romance é resultado de uma pesquisa em revistas e jornais brasileiros onde registro todos os fatos reais, embora ficcionados e seguindo a cronologia que me interessava, a respeito da crescente violência brasileira contra mulheres e crianças. No corpo do texto, várias citações são lembradas, numa recorrência a outras vozes para compor o meu tecido narrativo.

Em Sombra severa, porém, é diferente. Em princípio, a novela se chamaria "Memorial de Judas", um conto que eu havia escrito na praia do Janga, na cidade do Paulista, bem próxima do Recife. Depois que o transformei numa novela, achei que devia ser seco e indireto. Então encontrei-o num poema de Carlos Drummond de Andrade, aquele em que ele conta como andava com o pai pelas ruas de Itabira, Minas Gerais.

Para interpretar, porém, a história e os personagens, optei por três epígrafes, ou seja, três pontos de vista, que me vieram de Henry Miller e Mario Arregui, além da última, de Shakespeare, que fecha a compreensão da novela. Noutra página, recorri a Thomas Mann, que, na verdade, oferece a chave de todo o texto. Para definir a sombra severa recorri ao ponto de vista dos personagens Judas e Abel, e mais adiante convoco Shakespeare para representar o ponto de vista do autor, esclarecendo Dina e, em conseqüência, Abel.

Judas:
Dá-lhe um nome feio: traição. Mas é justamente essa índole traiçoeira do rebelde que o diferencia do resto do rebanho. É sempre traiçoeiro e sacrílego, se não literalmente pelo menos em espírito. Comporta-se, no fundo, como um traidor porque tem medo de sua própria humanidade, que o aproximaria de seu semelhante.
Henry Miller

Abel:
Muitas coisas foram ditas, repito, mas não houve quem fosse capaz de formular sequer uma aproximação daquela frase antiqüíssima (nascida na costa ocidental do Mar Egeu há vinte e cinco séculos) que asseverava que ninguém fica tão unido a ninguém como o homicida da sua vítima.
Mario Arregui

Deixa-me saber por que teus ossos abençoados, sepultos na morte, rasgaram assim a mortalha em que estavam? Por que teu sepulcro, no qual te vimos quietamente depositado, abriu suas pesadas mandíbulas marmóreas para jogar-te novamente para fora.
Shakespeare

Observe-se, assim, que as epígrafes são importantes para a decifração do título, algo que tortura e alegra o autor. Estão sempre juntas, unidas, inquietas. Sem esquecer, por exemplo, que Moby Dick, de Melville, tem mais de vinte epígrafes a respeito de cachalotes, e em A pedra do reino, de Ariano Suassuna, chegam a oito a dez. E ainda mais: Hermilo Borba Filho, em Um cavaleiro da segunda decadência, usa epígrafes nas aberturas de cada capítulo, o que, de certa forma, substitui os títulos. São caminhos e indicativos dos escritores para desenvolver a técnica narrativa. Hermilo, aliás, conhecia muito bem a eficiência das epígrafes.

Na verdade, ultimamente os críticos passaram ou a desdenhar das epígrafes ou a não lê-las. Algo totalmente equivocado. Significa profunda desatenção com o autor e, mais ainda, com o livro. Um romance bem elaborado não começa no primeiro capítulo mas na capa, junto com o título. E um título, além de um indicativo de leitura, é, sobretudo, a chave para toda a compreensão da obra. E, em conseqüência, do pensamento do autor, da sua ideologia, da sua confrontação com o mundo.

Cuidado com os títulos. Sempre cuidado. Um título mal cuidado pode prejudicar uma obra-prima. Porque há também títulos que podem indicar a temática, mas não participar da intimidade da obra. Que tal Doutor Fausto, de Thomas Mann? Um leitor desavisado não vai encontrar nenhum Doutor Fausto no livro. E Dom Casmurro? Desde o primeiro capítulo que Machado de Assis avisa: não há nenhum Dom Casmurro no livro. É certo. Afirma, com a maior clareza, absoluta clareza, que o título é uma homenagem a um poeta que o interpelou no trem. E só. O leitor é que pensa estar lendo a história de Dom Casmurro. Só uma provocação: Dom Casmurro é um dos narradores do livro - o narrador onisciente -, o outro é Bentinho - o narrador oculto. Mas Bentinho está ali, presente, no livro todo. Não é? Silvia, de Gerard de Nerval, não conta a história de Silvia; conta a história de Adriana.


É assim.


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Técnica x Arte na escrita dos romances

As artes frequentemente são idealizadas como fruto de pura inspiração, sem respaldo técnico, como se isso as tornasse necessariamente mais nobres. A literatura não foge à regra, mas deveria


Quando se fala sobre técnicas para escrita, a primeira reação de escritores não familiarizados com o conceito é achar que a utilização de tais técnicas vai “engessar seu trabalho”, “podar sua criatividade” e “tirar a naturalidade de sua arte”, entre outras reclamações.

Ora, existe uma palavra em português definir as pessoas que criam arte de maneira instintiva, sem ter uma formação específica na área, aprendendo no próprio trabalho e com outros do mesmo ramo: artesão. A maioria dos escritores nacionais são artesãos. Não vamos entrar no mérito de “qualidade” aqui, até porque a palavra tem tantas conotações que a discussão extrapolaria o espaço deste artigo.

O que diferencia o “artista” do “artesão” é a sua formação acadêmica ou sistemática. Um artista plástico, por exemplo, investe anos estudando a figura humana, luz e sombra, perspectiva, texturas, história da arte... Tendo técnicas e instintos à sua disposição, o artista simples-mente tem mais instrumentos para expressar sua arte. Da mesma forma, um ator tem à sua disposição cursos técnicos e acadêmicos de Artes Cênicas para aperfeiçoar seu talento; um músico tem escolas e cursos superiores de Música, e assim o é na maioria das Grandes Artes.

O que diferencia a Literatura das demais artes? Na verdade, nada, este preconceito contra a formação técnica do escritor é algo tipicamente nacional.

Cenário diferente acontece na Inglaterra e nos Estados Unidos, apenas para mencionar duas das maiores origens dos livros traduzidos para português. Lá, os princípios básicos da estrutura de um texto começaram a ser aprofundados logo após a Segunda Guerra Mundial, e hoje são apresentados nas escolas e aprofundados nas Universidades. Obviamente, poucos se tornam escritores, mas conceitos como cena, estrutura narrativa, ponto de vista e criação de personagens são lugar comum no mundo anglo-saxão.

É por isso que o autor brasileiro acha tão difícil entrar naquele mercado: basta cometer um deslize no ponto de vista de uma cena, o que é muitíssimo comum por aqui, para os agentes literários e editores daqueles mercados tomarem isso por uma grande falta de qualidade: “Ora, se até uma criança sabe que não se deve mudar o ponto de vista desta forma, como este autor espera ser profissional, cometendo este erro básico?”.

E mesmo os escritores que não têm pretensões de publicar no mercado internacional precisam se preocupar com isso, pois os editores brasileiros estão cada vez mais exigentes: “Afinal, se posso comprar um produto mais bem burilado, com mais chance de sucesso, porque compraria um de segunda categoria?”.

O que parece ser um detalhe sutil para nós salta aos olhos de quem conhece técnicas profissionais de escrita; da mesma forma que um erro de perspectiva, comum na arte naïf, isto é, aquela que é feita sem preparação acadêmica, salta aos olhos em um quadro que pretende ser de um artista profissional.

E como o escritor nacional pode se profissionalizar?

Normalmente o autor brasileiro apreende técnicas de escrita, consciente ou inconscientemente, lendo livros, “deduzindo” estas técnicas. Vários escritores se aventuraram a fazer cursos fora do país e trouxeram as já famosas Oficinas de Escrita Criativa, como o precursor Raimundo Carrero, Sônia Belloto, da Fábrica de Textos, e Oswaldo Pullen, da Escrita Criativa, apenas para mencionar alguns. Em alguns estados vemos movimentos que buscam criar cursos acadêmicos focados na formação de escritores, que aos poucos vão se firmando.

Mas ainda temos um longo caminho a percorrer.

O primeiro passo é simples e claro: abandonar de lado o preconceito de que melhorar a técnica atrapalha, de alguma forma, a arte de escrever. Trabalhando de maneira organizada os resultados saem mais rápido e com melhor qualidade - que é o que se espera de um profissional, em qualquer área.

Portanto, o conselho vale para todos escritores: se você quer escrever profissionalmente, trabalhe como um profissional.

Por Alexandre Lobão - Escritor e roteirista da Casa de Autores. http://www.alexandrelobao.com  www.casadeautores.org.br

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Escrita criativa: sete conselhos práticos



Um dos temas mais fascinantes deste gênero de leituras são os hábitos dos escritores, ou de quem se dedica à escrita criativa.

Por isso não consigo resistir a nenhum artigo com o título Os sete hábitos dos escritores a sério. E achei-o suficientemente interessante para decidir resumir aqui os sete hábitos de quem se dedica seriamente à escrita criativa:


1 - Escrever – escritores escrevem. Sempre. Todos os dias. Com horário marcado. Não basta pensar em escrever; não basta falar em escrever; não basta planejar o que se vai escrever. É preciso escrever.

2 - Focar – enquanto se escreve não se pode fazer mais nada. Não se pode verificar os e-mails, ir ao Facebook, fazer as palavras cruzadas. Reserve um tempo para a escrita (nem que seja só meia hora) e nesse período não faça mais nada senão escrever.

3 - Ler – os escritores leem muito. Alguns vivem apenas para ler e escrever. Mesmo que não seja esse o caso, dificilmente poderá progredir na escrita se não ler bastante. E não deve ler só aquilo que escreve. Se é guionista, não leia só guiões. Agarre num livro que tenha reservado para mais tarde e comece a lê-lo ainda hoje.

4 - Aprender – podemos aprender muito só pela leitura de grandes obras. Mas também é bom ler também sobre o ofício da escrita e da criatividade – memórias, autobiografias, ensaios, livros de técnica ou de inspiração. Livros como The Creative Habit, On Writing, ou Adventures in the Screen Tradesão janelas abertas sobre os processos mentais dos autores e criadores. Há também blogues, como este, e revistas que se dedicam apenas a esse tema. Leia-os com regularidade e vai seguramente melhorar a sua escrita criativa.

5 - Reescrever – como foi aqui citado recentemente, Francis Ford Copolla diz que "A reescrita é o nome do meio da escrita". Hemingway também deixou bem claro que "A primeira versão de qualquer coisa é uma merda". Se eles acham isso, como é que nós podemos pensar que as nossas primeiras versões já são suficientemente boas?

6 - Ser profissional – como Somer­set Maugham muito bem dizia "Eu escrevo só quando a inspiração bate à porta. Felizmente, ela bate à porta todas as manhãs às nove em ponto.” Os amadores debatem-se com as crises e a falta de inspiração; os profissionais sentam-se e escrevem.

7 - Refletir – quem leva a sério a escrita criativa não se limita a escrever – reflete sobre o que escreve, a forma como escreve, as razões porque escreve. Analisa os seus pontos fracos e fortes. Toma decisões conscientes sobre aonde quer levar a sua escrita, e de que formas o vai fazer.

Pode ler o artigo completo aqui (em inglês). Quando terminar pare imediatamente de procrastinar e recomece o que estava a escrever.




terça-feira, 19 de julho de 2016

Stephenie Meyer, da saga 'Crepúsculo', vai lançar livro de suspense

A escritora Stephenie Meyer, autora da milionária
saga “Crepúsculo” - Divulgação


O próximo livro de Stephenie Meyer, a autora da saga romântica teen "Crepúsculo", será um suspense, sem vampiros ou outras criaturas fantásticas. A editora Little, Brown and Company anunciou nesta terça-feira que "The chemist" (que pode ser traduzido como "O químico" ou "O farmacêutico") vai ser lançado em 15 de novembro.

Segundo a sinopse, o livro mostra uma ex-agente do governo que vive incógnita e é obrigada a "resolver mais um caso para limpar seu nome e salvar a própria vida". "The chemist" é o segundo livro de Meyer para o público adulto. Em 2008, ela escreveu "A hospedeira".

Os livros da saga "Crepúsculo" venderam mais de 150 milhões de exemplares, e foram transformados em uma série de filmes protagonizados por Robert Pattinson and Kristen Stewart.


Em uma nota divulgada nesta terça-feira, Meyer chamou o novo livro de uma união entre "sensibilidades românticas" e sua "obsessão por Jason Bourne/Aaron Cross" (personagem de Jeremy Renner no malfadado "O legado Bourne", de 2012).


segunda-feira, 4 de julho de 2016

Mulheres dominam top 5 de livros mais vendidos da Flip

A nobel Svetlana Aleksiévitch aparece em primeiro e terceiro lugar na lista


A organização da Festa Literária Internacional de Paraty divulgou ao fim das mesas desta Flip 2016, no início da tarde de domingo, o ranking das obras mais vendidas durante a semana. Quatro das cinco primeiras posições são ocupadas por obras escritas por mulheres. A bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, Nobel de literatura de 2015, aparece em primeiro e em terceiro lugar na lista. A homenageada, Ana Cristina Cesar, ficou no segundo posto. O quarto colocado ficou para "Autoimperialismo, três ensaios sobre o Brasil", de Benjamin Moser, que é, de certa forma, responsável pela quinta colocada: foi ele quem organizou "Todos os contos", de Clarice Lispector - escritora que ele biografou.

Confira a lista:

1. "A guerra não tem rosto de mulher", Svetlana Aleksiévitch (Companhia das Letras);
2. "A teus pés", Ana Cristina Cesar (Companhia das Letras);
3. "Vozes de Tchernóbil", Svetlana Aleksiévitch (Companhia das Letras);
4. "Autoimperialismo, três ensaios sobre o Brasil", de Benjamin Moser (Crítica);
5. "Clarice Lispector: Todos os contos", de Benjamin Moser (organizador) (Rocco);
6. "A morte do pai", Karl Ove Knausgård (Companhia das Letras);
7. "Descobri que estava morto", João Paulo Cuenca (Tusquets);
8. "Depois a louca sou eu", Tati Bernardi (Companhia das Letras);
9. "A história dos meus dentes", Valeria Luisieli (Alfaguara);

10. "O Homem com asas", Arthur Japin (Tusquets).