segunda-feira, 25 de novembro de 2013

"Os Filhos da Meia-Noite" faz adaptação de romance de Salman Rushdie


O premiado romance homônimo de Salman Rushdie, "Os Filhos da Meia-Noite", representa um grande desafio para ser transformado num filme. Com mais de 500 páginas e algumas dezenas de personagens, esse é um livro que requer uma leitura atenta e algum conhecimento sobre a história da Índia.


Um dos maiores exemplos de literatura colonial, o romance usa fatos reais -como a independência do país, em 1947- combinados com narrativa ficcional embalada num realismo mágico, algo que raramente funciona no cinema. O longa estreia em São Paulo, Rio e Brasília.

Dirigido pela indiana Deepa Mehta, a partir de um roteiro do romancista -que fornece sua voz como narrador-, o longa resulta numa minissérie condensada e apressada sem tempo para que os eventos se desenvolvam de forma orgânica. Para compreender o romance, apêndices, que incluem mapas e árvores genealógicas, são necessários. Na tela, Deepa reduz tudo aos quiproquós de uma telenovela, com uma narração solene e reverente.


Em tom de fábula sombria, esse é o ponto de partida do monólogo de Saleem (Satya Bhabha), que conta a história de sua família a sua futura esposa. Esse prólogo traz fatos que o próprio personagem não poderia ainda conhecer, pois seu nascimento se dá lá pelos 30 minutos de filme. É o tipo de recurso que funciona melhor nas páginas de um romance do que na tela.



Filmado no Sri Lanka com um título falso -especialmente por conta das polêmicas envolvendo o autor do romance, como a sentença de morte emitida pelo aiatolá Khomeini, nos anos de 1980, quando publicou "Versos Satânicos"-, "Os Filhos da Meia-Noite" é um filme que deixa de lado os elementos mais interessantes do romance, como a busca de uma identidade da Índia tentando superar seu passado colonial, para transformá-lo num entretenimento longo e inócuo.



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