Expatriados, separados no tempo e na
geografia, Paulo e Barbara compartilham, além da experiência do exílio, o
estranhamento pela perda de suas identidades, o isolamento e a sensação de
interrupção do curso normal de suas vidas. Diferentes motivos os levam ao
estrangeiro. Em 1970, Paulo, perseguido pela ditadura militar, é preso,
torturado e abandonado sem documentação na fronteira, de onde segue para o
Chile e depois para a Suécia. Barbara, com uma identidade falsa, deixa o país
para trás em 1991 — durante o governo Collor —, fugindo de um rastro de
violência, e se instala nos Estados Unidos como imigrante ilegal.
Em seu terceiro romance, Edney Silvestre
cria um vigoroso retrato das transformações que ocorreram no país e no mundo
nos últimos quarenta anos, com uma trama que viaja pelo Chile, Suécia, Estados
Unidos, França e Iraque. O autor se vale, com sensibilidade, de sua experiência
de onze anos como correspondente baseado em Nova York para revelar o universo dos
imigrantes e, ao mesmo tempo, recriar de forma contundente um Brasil visto a
distância.
Na Suécia, Paulo se apaixona por Anna,
militante da Anistia Internacional, com quem forma uma família. Mas é
perseguido pelas lembranças dos sofrimentos que viveu e por uma sombra em seu
passado. Nos Estados Unidos, Barbara, ainda adolescente, sobrevive de faxinas e
serviços de manicure, abandonando seus sonhos de entrar para a universidade e
conhecer o mundo. Sem falar inglês, sob o medo constante de ser desmascarada,
ela convive com uma rede de prostitutas brasileiras e esconde uma paixão
impossível. Satisfaz-se em ser mais um rosto anônimo e estrangeiro na multidão,
sem se integrar ao país que escolheu habitar.
Sobre o autor:
Edney Silvestre nasceu em Valença (RJ),
em 1950. Jornalista de longa carreira, se destacou na cobertura dos ataques
terroristas de 11 de setembro de 2001 para a Rede Globo — quando era
correspondente em Nova York. É apresentador do programa GloboNews Literatura.
Seu primeiro romance, Se eu fechar os olhos agora (2009), conquistou elogios da
crítica e prêmios como o Jabuti, de melhor romance, e São Paulo, de autor
estreante, e foi publicado em outros sete países.
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