segunda-feira, 28 de outubro de 2013

"O Tempo e o Vento" - Romance histórico?


Muito já se escreveu sobre O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo. E algumas imprecisões de interpretação foram tão repetidas que se transformaram em verdade. Uma delas se refere ao enquadramento da obra como romance histórico. Com a chegada às telas de uma versão do romance para o cinema, com direção de Jayme Monjardim, essa “classificação” volta a aparecer. Uma boa hora para defender a ideia, sem a pretensão de encerrar o assunto, de que O Tempo e o Vento não é e nem pode ser um romance histórico.


Inicialmente, é preciso dizer que não existe consenso sobre o gênero em que se enquadra a obra mais expressiva de Erico Verissimo. Se alguns a consideram um romance histórico, outros acreditam tratar-se de um épico. Também foi chamada de crônica política, novela, romance de formação e, pelo próprio autor, de romance-rio. Pela complexidade da trilogia, seja pela alternância de perspectiva narrativa ou pela própria estrutura, é natural a variedade de definições. O “problema” é que essas leituras geralmente partem de extratos narrativos isolados do romance.


Publicado em três partes (O Continente, O Retrato e O Arquipélago), o romance foi concebido como uma unidade e preserva as mesmas características estéticas e formais em seu conjunto, variando apenas as questões temáticas. Por isso, para fins de uma definição de gênero, é fundamental considerar a trilogia como um todo. 


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