Muito já se escreveu
sobre O Tempo e o Vento, de Erico
Verissimo. E algumas imprecisões de interpretação foram tão repetidas que se
transformaram em verdade. Uma delas se refere ao enquadramento da obra como
romance histórico. Com a chegada às telas de uma versão do romance para o
cinema, com direção de Jayme Monjardim, essa “classificação” volta a aparecer.
Uma boa hora para defender a ideia, sem a pretensão de encerrar o assunto, de
que O Tempo e o Vento não é e nem pode ser um romance
histórico.
Inicialmente, é preciso
dizer que não existe consenso sobre o gênero em que se enquadra a obra mais
expressiva de Erico Verissimo. Se alguns a consideram um romance histórico,
outros acreditam tratar-se de um épico. Também foi chamada de crônica política,
novela, romance de formação e, pelo próprio autor, de romance-rio. Pela
complexidade da trilogia, seja pela alternância de perspectiva narrativa ou
pela própria estrutura, é natural a variedade de definições. O “problema” é que
essas leituras geralmente partem de extratos narrativos isolados do romance.
Publicado em três partes
(O Continente, O Retrato e O Arquipélago), o romance foi concebido como uma
unidade e preserva as mesmas características estéticas e formais em seu
conjunto, variando apenas as questões temáticas. Por isso, para fins de uma
definição de gênero, é fundamental considerar a trilogia como um todo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário