Quatro romancistas estreantes sentam-se
num auditório futurista em frente a seus computadores. Um cronômetro gigante
acima de suas cabeças mostra que eles têm 30 minutos para escrever um texto de
ficção sobre um tema que acaba de ser apresentado. Telas enormes exibem em
tempo real cada palavra que eles digitam, enquanto três autores consagrados
observam tudo e conversam descontraidamente.
A cena parece ter saído dos pesadelos de
um aspirante a escritor. Mas, ao menos na Itália, é uma realidade. Acaba de
estrear por lá o reality show Masterpiece, criado pelo canal italiano Rai 3 em
parceria com a produtora FremantleMedia, do American Idol. No programa, dezenas
de candidatos disputam um contrato para publicar um romance de estreia pela
Bompiani, uma das editoras mais tradicionais do país.
Além de escrever diante das câmeras e sob
pressão do tempo, o vencedor deve ser capaz de cumprir outras tarefas
importantes para um futuro best-seller, como declamar trechos de seus livros e
abordar a diretora de uma grande editora no elevador para convencê-la a ler
seus originais. Ao final de cada episódio, um finalista é selecionado.
Escritores italianos de sucesso dão dicas para escrever melhor durante os
créditos finais.
Antes mesmo de sua estreia, o programa
já causava polêmica. Seus críticos o acusavam de vulgarizar a literatura. A
superexposição dos candidatos nas provas seria um insulto ao ato de criação
literária, lenta e solitária por natureza. Críticas em jornais afirmaram que
escritores reclusos como Kafka jamais participariam de algo do tipo. Sobrou até
para o nome do programa, Masterpiece (algo como “obra-prima”). Se a ideia era
valorizar a literatura italiana, porque adotar um anglicismo como nome do
programa? E, afinal, que espécie de obra-prima da literatura surgiria de um
reality show?
Sensacional. Parabéns. Até que enfim algo que leva algum conhecimento nas telas. Achei a idéia sensacional. Gostaria de participar. A algum tempo atrás um amigo meu chegou a sugerir enviar uma carta ao programa do Jô Soares e escrever um texto enquanto o programa era gravado. Mas ficamos só na idéia. A literatura tem seu espaço sim. Ao contraria de vulgarizar, é valorizar. Expor a dificuldade, e mostrar que existem outras pessoas capazes de escrever além dos já conhecidos e famosos. É uma janela interessante. Espero que corra o mundo. Não seria obra prima saindo, mas mostraria que existem pessoas com talento que só esperam uma oportunidade. Estão criticando quando mostram a bunda, criticam quando passam BBB e a FAZENDA, mas agora estão falando em algo concreto, literatura... isso é muito bom... gostei.
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