A Outra Sombra - Trechos do livro
"Ao entardecer, a cidade mergulhava num crepúsculo
desconcertante. Uma imensidão de fachos dourados que se fundiam até
desaparecerem por completo num degradé incrivelmente lindo. Submersa em sua
leitura, mamãe levou alguns minutos até notar a minha presença. Recostei-me num
dos pilares de madeira e pus-me a contemplá-la."
"Aquela figura tênue e patética era o que se podia
chamar de mais um ilustre desafortunado à margem do que a vida lhe impusera.
Manoel era um homem de uns quarenta anos, cujo aspecto repugnante lhe imputava
um desleixo quase crônico, capaz de nos fazer refletir profundamente sobre a
dignidade humana, ou a falta dela."
"Naquele momento, ouvi risos delicados no local. Eram
risos inocentes, risos infantis. Lançando um olhar atento ao redor, percebi uma
frágil figura infantil próxima às árvores localizadas na outra extremidade do
local. Tal criaturinha sorria e sussurrava com o que parecia um grupo de
crianças. Mas apenas uma veio em minha direção. Ostentava um sorriso iluminado
e uma doçura que desafiava até as mais nobres tentativas de expressá-la com
palavras mundanas. Era ela (...)"
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