sábado, 2 de agosto de 2014

George W. Bush abandona a pintura para escrever a biografia do pai

A classe política de Washington deve estar procurando um psicólogo após o anúncio de que o ex-presidente americano George W. Bush escreverá uma biografia de seu pai, George H. W. Bush, que chefiou a Casa Branca entre 1989 e 1993.


A editora Crown Books informou que o livro cobrirá “toda a vida e carreira de Bush pai, incluindo seus anos de serviço militar no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial, seu pioneirismo no mercado de combustível do Texas, e sua ascenção política como deputado, embaixador dos EUA na China e na ONU, diretor da CIA, vice-presidente e presidente”.

O Bush mais velho, que comemorou 90 primaveras neste ano saltando de paraquedas, é provavelmente o único presidente moderno (ou político que deseja o cargo) que ainda não escreveu suas memórias. E quem melhor para escreve uma biografia do que o seu próprio filho? Desde que se aposentou após deixa a presidência dos EUA em 2008, George W. Bush já escreveu um livro, “Decision points”. A obra vendeu dois milhões de cópias em dois anos. Ele também se dedicou à pintura, com destaque para uma série de retratos de líderes mundiais.

Mas uma questão inevitável fica no ar: Qual será o propósito de tal empreitada literária? Será nada mais do que uma homenagem do 43º presidente americano ao 41º? Ou será um pedido de desculpas, uma tentativa de retratação do filho pelos danos causados aos negócios da família após sua administração?

Não há como esquecer a baixíssima popularidade de George W. Bush antes de terminar o seu segundo mandato, a invasão do Iraque em 2003 sob desculpas mais do que questionáveis e, é claro, seu sucesso em colocar a economia dos EUA no maior buraco desde a Grande Depressão ocasionada pela Crise de 1929. Atualmente, parece que a única chance de resgatar a honra do nome da família está em seu irmão Jeb, ex-governador da Flórida, que pode concorrer à presidência em 2016.

A relação pai e filho no alto escalão da política americana, contudo, não é exclusiva dos Bush. A própria editora Crown Books relembra outros nomes como John Adams e John Quincy Adams, e Joseph Kennedy e John F. Kennedy. Se JFK se candidatou para agradar o pai, o mesmo vale para Mitt Romney, que tentou se eleger presidente por duas vezes. Neste caso, tanto ele quanto seu pai, George Romney, serão lembrados por perder as eleições.

Lembrando que muitas pessoas próximas à família Bush sempre disseram que George H. W. Bush e sua mulher Barbara desejavam que Jeb seguisse os passos do pai, corre o risco de o livro ser mais sobre o autor do que sobre seu tema de estudo. E isto não serviria de ajuda alguma, nem para os leitores, nem para as pretensões políticas de seu irmão mais novo.

Fonte: O Globo (notícia original aqui)

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