A
classe política de Washington deve estar procurando um psicólogo após o anúncio
de que o ex-presidente americano George W. Bush escreverá uma biografia de seu
pai, George H. W. Bush, que chefiou a Casa Branca entre 1989 e 1993.
A editora Crown Books informou que o
livro cobrirá “toda a vida e carreira de Bush pai, incluindo seus anos de
serviço militar no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial, seu pioneirismo
no mercado de combustível do Texas, e sua ascenção política como deputado,
embaixador dos EUA na China e na ONU, diretor da CIA, vice-presidente e
presidente”.
O Bush mais velho, que comemorou
90 primaveras neste ano saltando de paraquedas, é provavelmente o
único presidente moderno (ou político que deseja o cargo) que ainda não
escreveu suas memórias. E quem melhor para escreve uma biografia do que o seu
próprio filho? Desde que se aposentou após deixa a presidência dos EUA em 2008,
George W. Bush já escreveu um livro, “Decision points”. A obra vendeu dois
milhões de cópias em dois anos. Ele também se dedicou à pintura, com destaque
para uma série de retratos de líderes mundiais.
Mas uma questão inevitável fica no ar:
Qual será o propósito de tal empreitada literária? Será nada mais do que uma
homenagem do 43º presidente americano ao 41º? Ou será um pedido de desculpas,
uma tentativa de retratação do filho pelos danos causados aos negócios da
família após sua administração?
Não há como esquecer a baixíssima
popularidade de George W. Bush antes de terminar o seu segundo mandato, a
invasão do Iraque em 2003 sob desculpas mais do que questionáveis e, é claro,
seu sucesso em colocar a economia dos EUA no maior buraco desde a Grande
Depressão ocasionada pela Crise de 1929. Atualmente, parece que a única chance
de resgatar a honra do nome da família está em seu irmão Jeb, ex-governador da
Flórida, que pode concorrer à presidência em 2016.
A relação pai e filho no alto escalão da
política americana, contudo, não é exclusiva dos Bush. A própria editora Crown
Books relembra outros nomes como John Adams e John Quincy Adams, e Joseph
Kennedy e John F. Kennedy. Se JFK se candidatou para agradar o pai, o mesmo
vale para Mitt Romney, que tentou se eleger presidente por duas vezes. Neste
caso, tanto ele quanto seu pai, George Romney, serão lembrados por perder as
eleições.
Lembrando que muitas pessoas próximas à
família Bush sempre disseram que George H. W. Bush e sua mulher Barbara
desejavam que Jeb seguisse os passos do pai, corre o risco de o livro ser mais
sobre o autor do que sobre seu tema de estudo. E isto não serviria de ajuda
alguma, nem para os leitores, nem para as pretensões políticas de seu irmão
mais novo.
Fonte: O Globo (notícia original aqui)
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