Clarice
Lispector (1920-1977) mobiliza 743 mil pessoas no Facebook. Caio Fernando Abreu
(1948-1996), 373 mil. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), 108 mil. Machado
de Assis (1839-1908) tem 38 mil seguidores e Paulo Leminski (1944-1989), 32
mil. Eles são alguns dos autores citados por Fabio Malini, coordenador do
Laboratório de Pesquisas sobre Imagem e Cibercultura, da Universidade Federal
do Espírito Santo, na pesquisa Literatura, Twitter e Facebook: A Economia dos
Likes e dos Rts dos Usuários de Literatura Brasileira nas Redes Sociais. Parte
de seu conteúdo foi apresentada em encontro do Itaú Cultural, realizado nessa
quarta-feira, 30, em Paraty, antes da abertura da Flip, e está disponível na
versão digital da revista Observatório, lançada agora.
"A
pesquisa tenta mapear como os usuários interagem e o que eles valorizam numa
fanpage. Uma das constatações é a de que não falamos mais de uma ideia de fã,
mas da ideia do amigo, do parceiro, aquele que atua na mobilização de
determinado tipo de trabalho", disse o pesquisador ao jornal O Estado de
S.Paulo. E completou: "Para os autores mortos, eles têm um papel de
reavivar um certo tipo de leitura que até então não se tinha."
Para
o estudo, Malini coletou mais de 300 mil tweets com as palavras literatura e
livro e analisou as páginas (com os posts e os comentários) de cinco escritores
no Facebook - os já citados Clarice, Caio, Machado e Leminski e, separadamente,
a musa teen Thalita Rebouças (1974), que tem 320 mil seguidores no Facebook e
está fazendo direitinho a lição de conversar com suas leitoras amigas. Seu
primeiro post, de abril de 2012, teve quatro comentários; em janeiro, ela
obteve mais de 3 mil comentários numa publicação. Segundo a pesquisa, os posts
que repercutem mais são os que mobilizam os fãs em alguma causa e os que fazem
propaganda de eventos, novos livros, etc. "Ela constrói cotidianamente uma
espécie de Selfie narrativa - ela em primeiro plano e seu público amontoado em
segundo plano", comenta o Malini.
Outra
constatação: o público feminino é o mais engajado e representa, por exemplo,
91% dos que "curtem" Clarice. A pesquisa identificou, ainda, que o
volume de likes está associado a três estratégias. A primeira é usar citações
que inspiram o estado de espírito do fã. A segunda estratégia é compartilhar
imagens virais criadas pelos próprios fãs, com uma frase do autor. E a última,
gerar envolvimento dos usuários em campanhas sociais e políticas a partir da
imagem do escritor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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