Um dos principais best-sellers de
mistério da atualidade, o americano Harlan Coben, que atraiu centenas de fãs
para a Bienal do Livro de São Paulo no fim de semana, lança seu 16º romance no
Brasil, “Seis anos depois”, pela Sextante.
Coben é um gigante literal e
metaforicamente. Com quase 2 metros de altura, ele acaba de bater a marca de 1
milhão de livros vendidos no país. As estatísticas viraram gente, na manhã de
anteontem, quando ele falou na Bienal para uma pequena multidão sobre a nova
obra. Nela, o protagonista vai atrás da mulher que o deixou para casar com
outro e descobre que o casamento havia sido uma farsa. Ele vai buscá-la, sem
imaginar os perigos do ato. Em entrevista ao GLOBO, Harlan Coben fala da
dificuldade de classificar a nova trama, conta por que não gosta de escrever
histórias de serial killers e comenta as últimas polêmicas do meio literário.
Embora classificados como policiais, seus livros não têm crimes ou conspirações. Por quê?
Acho que chamam assim porque é preciso
classificar o livro. “Seis anos depois” é mais uma história de amor que uma
ficção de crime. Não me interesso por conspirações políticas ou serial killers.
Prefiro histórias com as quais o leitor possa se identificar.
Com uma tradição tão longa, é possível
manter o frescor da ficção policial?
Agatha Christie e Elmore Leonard escrevem
ficção de crime e não são nada parecidos. Grandes autores tinham crimes em seus
livros: Dostoiévski, Dumas, Dickens, entre outros. Mas acho que vivemos a era
de ouro da ficção de crime. Ela nunca foi feita tão bem e com tanta variedade.
Há autores homens, mulheres, americanos, britânicos, escandinavos... E temos
que trabalhar duro para manter o frescor do gênero. Não pelo que foi escrito no
passado, mas porque hoje competimos com outras mídias.
A Amazon e a editora Hachette têm
brigado pelas condições comerciais de vendas de livros. Alguns autores se
organizaram para apoiar a editora. Qual a sua posição nessa polêmica?
Sentar e esperar. Virei escritor porque
não queria ir para um escritório, pensar em negócios, números. Sei que, quanto
melhor eu escrever, melhor estarão meus livros (no mercado), porque as pessoas vão lê-los no papel,
na tela ou numa tábua de pedra como a de Moisés. Não me sinto qualificado para
me meter no assunto.
Hoje há o fenômeno da autopublicação.
Você precisa de editor?
É isso que eu não entendo nessa polêmica.
Se você quer se autopublicar, faça-o. Se você acha que os escritores estão
sendo vilipendiados (pelas editoras), faça-o. Eu gosto de ter editor e não
estou tentando convencer ninguém a ir para a minha editora. Não sei por que os
outros se importam com quanto eu ou o Nicholas Sparks estamos cobrando pelos
nossos livros. Faça seu livro e preocupe-se em como publicá-lo, não como eu
publico os meus.
Você passou a escrever livros no gênero
“jovens adultos”, que costuma ser criticado por falta de complexidade
literária. O que você diria aos críticos?
Não leia. Tem uma resenha de um livro meu
na Amazon que diz: “Esse livro deveria estar numa biblioteca de ensino médio”.
Sim, deveria!
E sobre as críticas de que falta
riqueza narrativa nesses livros?
Isso não faz sentido. Meu livro
infantojuvenil é mais curto, mas provavelmente é mais sombrio que qualquer
livro adulto que eu tenha escrito.
Você não deve mais precisar vir para
eventos como a Bienal para vender livros. Por que vir?
Ajuda a vender o livro. E, se viajar é
cansativo, é ótimo encontrar os leitores. Se há escritores que se sentem acima
disso, só posso lamentar.
A ficção de mistério exige grande
técnica. Você não comete erros?
Em um livro meu, um personagem costuma
pentear o cabelo para a direita, no começo do livro, e depois para a esquerda,
no fim dele. Com a internet, se você comete algo assim, você será avisado. Não
gosto, mas não me preocupo muito.
Fonte: O Globo (Matéria original aqui)
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