"Cidade"
é concluído em criação coletiva de André Sant'Anna, Carlito Azevedo, Aldir
Blanc, Veronica Stigger e editores da Nova Fronteira
Demorou mais de 70 anos, mas Cidade finalmente ficou pronto. O romance de Nelson
Rodrigues,
anunciado ainda em 1937, chega às livrarias com a ajuda dos escritores André
Sant'Anna, Carlito
Azevedo, Aldir
Blanc e Veronica
Stigger.
O time foi escalado pela editora Nova
Fronteira para dar continuidade ao primeiro capítulo da trama, publicado
originalmente no jornal O Globo. O excerto era citado como parte do livro Cidade, que estaria no prelo, mas não foi
publicado em vida pelo dramaturgo.
– Encontramos esse capítulo durante
nossas pesquisas sobre a prosa do Nelson, mas não sabemos o motivo da ruptura
da trama nem encontramos outras referências ao trabalho. Convidamos, então,
escritores para continuar a história como homenagem – explica a editora
Maria Cristina Jeronimo.
O mineiro André Sant'anna, autor de O Brasil É Bom (Companhia das Letras, 2014) foi
responsável pelo segundo capítulo, que tem início com a visita do personagem
Claudio à irmã Branca, moradora de uma pensão – antigo eufemismo para
bordel. Depois de Sant'Anna, o poeta e editor da revista Inimigo Rumor Carlito Azevedo redige outro capítulo,
seguido pelo compositor e escritor Aldir Blanc, conhecido pelas parcerias com
músicos como João Bosco e Guinga.
A gaúcha Veronica, autora do premiado Opisanie Swiata (Cosac Naify, 2013), termina o trecho dos
convidados, que é seguido por um longo capítulo criado pelo corpo editorial da
Nova Fronteira e assinado por Suzana Flag, pseudônimo usado por Nelson
Rodrigues em Meu Destino É Pecar.
– Fizemos um estudo do texto da
Suzana, que está muito imbuída dessas características do folhetim – conta
Maria Cristina.
O trabalho dos editores dá conta de
praticamente metade do livro, amarrando a narrativa proposta pelos autores. As
soluções encontradas são satisfatórias, relembrando o tom trágico de boa parte
das obras do homenageado.
Já os convidados gozaram de liberdade
para criar textos com voz autoral. Os trechos são inventivos, mas curtos, o que
pode decepcionar os leitores _ se o maior atrativo de Cidade é o diálogo dos autores contemporâneos
com Rodrigues, é frustrante constatar que menos da metade do livro foi criada
por eles.
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