sexta-feira, 16 de maio de 2014

Trama "Cidade" de Nelson Rodrigues ganha final

"Cidade" é concluído em criação coletiva de André Sant'Anna, Carlito Azevedo, Aldir Blanc, Veronica Stigger e editores da Nova Fronteira


Demorou mais de 70 anos, mas Cidade finalmente ficou pronto. O romance de Nelson Rodrigues, anunciado ainda em 1937, chega às livrarias com a ajuda dos escritores André Sant'Anna, Carlito Azevedo, Aldir Blanc e Veronica Stigger.

O time foi escalado pela editora Nova Fronteira para dar continuidade ao primeiro capítulo da trama, publicado originalmente no jornal O Globo. O excerto era citado como parte do livro Cidade, que estaria no prelo, mas não foi publicado em vida pelo dramaturgo.

– Encontramos esse capítulo durante nossas pesquisas sobre a prosa do Nelson, mas não sabemos o motivo da ruptura da trama nem encontramos outras referências ao trabalho. Convidamos, então, escritores para continuar a história como homenagem – explica a editora Maria Cristina Jeronimo.

O mineiro André Sant'anna, autor de O Brasil É Bom (Companhia das Letras, 2014) foi responsável pelo segundo capítulo, que tem início com a visita do personagem Claudio à irmã Branca, moradora de uma pensão – antigo eufemismo para bordel. Depois de Sant'Anna, o poeta e editor da revista Inimigo Rumor Carlito Azevedo redige outro capítulo, seguido pelo compositor e escritor Aldir Blanc, conhecido pelas parcerias com músicos como João Bosco e Guinga.

A gaúcha Veronica, autora do premiado Opisanie Swiata (Cosac Naify, 2013), termina o trecho dos convidados, que é seguido por um longo capítulo criado pelo corpo editorial da Nova Fronteira e assinado por Suzana Flag, pseudônimo usado por Nelson Rodrigues em Meu Destino É Pecar.
– Fizemos um estudo do texto da Suzana, que está muito imbuída dessas características do folhetim – conta Maria Cristina.

O trabalho dos editores dá conta de praticamente metade do livro, amarrando a narrativa proposta pelos autores. As soluções encontradas são satisfatórias, relembrando o tom trágico de boa parte das obras do homenageado.

Já os convidados gozaram de liberdade para criar textos com voz autoral. Os trechos são inventivos, mas curtos, o que pode decepcionar os leitores _ se o maior atrativo de Cidade é o diálogo dos autores contemporâneos com Rodrigues, é frustrante constatar que menos da metade do livro foi criada por eles.

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