quinta-feira, 17 de julho de 2014

Adolescentes brasileiros formam legião de leitores-fãs e impulsionam as vendas das editoras

Não tem nada melhor que sentir o cheiro do livro, passar as páginas entre os dedos, saber de cara se falta muito para o fim, admirar a capa com atenção. Parece frase de quem tem de 40 anos para cima, mas é o que dizem adolescentes de 13 a 18 anos. No Brasil, uma geração plenamente digital vem consumindo livros de papel avidamente, destruindo generalizações como “adolescente vive na internet” ou “esses meninos não gostam de ler”. Em uma fase da vida em que tudo é intenso — eles amam demais ou odeiam demais — meninos e meninas vêm provando que suas paixões desmedidas também podem se voltar para as letras. Impressas no papel.


Uma breve olhada nas listas de livros mais vendidos dá a dimensão do fenômeno. Entre os dez primeiros lugares do último ranking do PublishNews, site especializado em mercado editorial, oito são queridinhos do público jovem, mesmo que nem sempre pertençam à categoria infantojuvenil. Quem encabeça a lista é John Green, com “A Culpa é das estrelas” (Intrínseca). Outros três livros do autor, cultuado por adolescentes, também estão lá. “A escolha” (Editora Seguinte), de Kiera Cass, que faz parte da trilogia “A seleção”, aparece em sétimo. “Instrumentos mortais — Cidade do fogo celestial” (Galera Record), de Cassandra Clare, fecha a lista geral dos dez mais.

— Esses jovens leitores não são só leitores. Eles têm uma relação de fã com os livros, com as séries, com os autores... E o livro, nessa história, é quase como um objeto de desejo: além de ler, eles querem colecionar, colocar na estante, organizar. Com e-book não tem muito disso. Você não tem como virar para um amigo e dizer: “Deixa eu te mostrar a minha estante de e-books” — analisa a editora-executiva do selo Galera Record, Ana Lima.

Julia Schwarcz, publisher da Seguinte, selo jovem da Companhia das Letras, conta que já recebeu e-mails de leitores de pouca idade reclamando que o volume de uma série tinha meio centímetro a mais que outro, e isso, segundo eles, fica feio na estante:

— É curioso porque temos um livro de contos que lançamos em versão digital gratuita e só depois lançamos em versão física. Ele faz parte da série “A seleção”. Foi um sucesso de vendas. Muitos leram a versão digital e ainda fizeram questão de ter a publicação em papel.
O sucesso da série “A seleção” é realmente estrondoso. O último volume da trilogia, chamado “A escolha”, lançado em maio deste ano, teve tiragem inicial de 50 mil exemplares, quando tiragens básicas giram em torno de 3 mil. Desde o lançamento, a Seguinte já vendeu cerca de 100 mil cópias só dessa publicação.

Fonte: O Globo (Veja matéria completa aqui!)


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