Depois de escrever sobre a última missão
de um sargento bronco e uma sexagenária libidinosa, João Ubaldo dedicava-se às
histórias de bar. A informação foi anunciada por um de seus filhos, Bento
Ribeiro.
— Ele estava no meio do próximo livro,
não entrou em detalhes, mas disse que seria sobre histórias de bar — contou o
apresentador e humorista durante o velório do escritor morto nesta sexta-feira,
vítima de uma embolia pulmonar.
O romance vinha sendo escrito há dois
anos. De acordo com a secretária do autor, Valéria dos Santos, João Ubaldo
levantava diariamente às 4h e escrevia até as 10h, "quando os telefones
começavam a tocar e o interrompiam".
— Para mim, antes de escritor, ele era
acima de tudo meu pai. Tínhamos uma relação muito próxima, e ele curtiu muito
ser avô. Recentemente, ele planejava visitar o neto (em São Paulo). Ele foi um
paizão e era muito orgulhoso do conhecimento que tinha da cultura brasileira —
disse Bento.
Irmão caçula do romancista, o engenheiro
Manuel Ribeiro Filho também se despediu.
— Minhas maiores lembranças do João
Ubaldo são as da casa paterna. Lembro das brigas com o pai, que queria que ele
fosse advogado ou funcionário público. E ele dizia que queria viver da pena.
João Ubaldo persistiu nesse caminho, o que me impressionou. Lembro ainda dele
copiando dicionário de inglês para aprender a língua, o que ele conseguiu
sozinho. Tínhamos algumas discussões, porque ele era torcedor do Vitória, e eu
do Bahia.
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