sexta-feira, 4 de julho de 2014

Biografia de Torquato Neto chega às livrarias em edição ampliada


Torquato Neto foi um poeta mais situado nas letras das suas canções do que nos livros. Em sua abreviada vida, marcou a poesia e a música brasileira _ um dia após completar 28 anos, em 1972, suicidou-se por inalação de gás. Um dos líderes conceituais do tropicalismo, foi parceiro de músicos como Jards Macalé e Luiz Melodia, compondo faixas emblemáticas como Pra Dizer Adeus (com Edu Lobo) e Louvação (com Gilberto Gil). Reverenciado por poetas como Ana Cristina Cesar, Paulo Leminski e Waly Salomão, abriu caminho para uma geração de novos autores nos anos 1970 com sua poética fragmentária e se tornou referência da contracultura no Brasil a partir da coluna Geleia Geral no jornal Última hora, em 1971, e da idealização da revista de poesia Navilouca.

Essa rica trajetória é narrada em A Biografia de Torquato Neto, originalmente lançada em 2005 e que agora ganha reedição ampliada _ o jornalista curitibano Toninho Vaz, também autor da biografia de Paulo Leminski (O Bandido que Sabia Latim), quis relançar o livro que acredita ter passado despercebido à época. Em mais de 400 páginas, apresenta o perfil lírico e conturbado do jovem jornalista Torquato Neto, que, ao mesmo tempo, causa curiosidade e estranheza. Afinal, quem foi esse rapaz, filho único, nascido em Teresina, Piauí, porta-voz da tropicália que rompeu com os amigos baianos e destruiu parte da sua obra literária, foi internado em hospitais psiquiátricos e pensou a poesia para além da página. Mais: provocou o cinema novo e deu régua e compasso para novas expressões poéticas _ era leitor de poesia concreta, Antonin Artaud e Oswald de Andrade e fã de Carlos Drummond de Andrade a ponto de segui-lo pelas ruas de Copacabana. Nenhuma dessas facetas de Torquato escapa do texto minucioso de Toninho Vaz.

O poeta das elipses, dos inesperados curtos-circuitos entre as palavras e da sintaxe descontínua, faria 70 anos neste novembro. Além da reedição do livro de Vaz, está previsto o lançamento de um documentário a respeito de Torquato para 2015. É mais uma chance de mergulhar na obra do autor que tinha, entre suas frases mais conhecidas, este verso do poema Cogito: "Eu sou como eu sou/ pronome/ pessoal intransferível/ do homem que iniciei/ na medida do impossível".

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