Morreu nesta quinta-feira, aos 79 anos,
Ivan Junqueira. Sexto ocupante da cadeira de número 37 da Academia Brasileira
de Letras, o carioca teve insuficiência renal. Segundo
antecipou o colunista Ancelmo Gois, ele estava internado no hospital
Pró-Cardíaco havia mais de um mês.
O corpo do acadêmico está sendo velado no
Salão dos Poetas Românticos, no Petit Trianon da Academia Brasileira de Letras,
de onde sairá às 15h para ser sepultado no mausoléu da ABL, no Cemitério São
João Batista, em Botafogo.
Poeta, ensaísta, tradutor e crítico
literário, vencedor de importantes prêmios como o Jabuti de poesia por "A
sagração dos ossos" (1994) e "O outro lado" (2007), Junqueira
completaria 80 anos em novembro. Para marcar a data, que concide com seus 50
anos de carreira literária, sua editora, a Rocco, estava planejando o
lançamento de dois livros inéditos do autor: "Essa música", de
poemas, para este mês, e "Reflexos do sol posto", coletânea de
ensaios, previsto para outubro, mas que deve ser adiantado para agosto.
Em "Reflexos do sol posto",
Junqueira reflete sobre o cenário das letras brasileiras em críticas e análises
feitas ao longo dos últimos anos e dedica um espaço especial à poesia. Quase
premonitório, logo nas primeiras páginas ele avisa o leitor que esta deveria
ser sua última reunião de ensaios. Já em "Essa música", seu amigo e
crítico Alfredo Bosi afirma na quarta-capa que, com a obra, ele "alcança o
zênite de sua trajetória poética". Também sobre o livro, o poeta Marco
Lucchesi afirma: "'Essa música', essencialmente atonal, perfeitamente
esquiva, contínua e sincopada é uma pauta de raro encantamento” no texto de
abertura da orelha.
Também em ocasião de seus 80º
aniversário, a Editora Nova Fronteira programou a edição de bolso da premiada
tradução dos poemas de T. S. Eliot, de 1981, que mereceu dez edições. Outras
obras do Acadêmico, como "O outro lado" (Record) e "Testamento
de Pasárgada" (Global), antologia crítica sobre Manuel Bandeira, também
estão no prelo para ganhar novas edições.
Junqueira foi o sexto a assumir a cadeira
de número 37 da ABL, em 2000, ocupando a vaga deixada por João Cabral de Melo
Neto. Nascido no Rio em 3 de novembro de 1934, estudou medicina e filosofia na
Universidade do Brasil (atual UFRJ), sem concluir nenhum dos dois cursos. Em
1963, começou a trabalhar como jornalista na "Tribuna da Imprensa",
tendo passado pelas redações do "Correio da Manhã", "Jornal do
Brasil" e "O GLOBO".
Também foi colaborador das enciclopédias
Barsa, Britannica, Delta Larousse, entre outras, além do Dicionário
Histórico-Biográfico Brasileiro editado pela Fundação Getúlio Vargas. Na
Funarte, foi editor da revista "Piracema" e chefe da Divisão de Texto
da Coordenação de Edições, tendo se aposentado no serviço público em 1997. Na
Fundação Biblioteca Nacional, foi editor-adjunto e depois editor executivo da
revista "Poesia sempre", entre 1993 e 2002.
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