quarta-feira, 19 de junho de 2013

Entrevista com o autor Ivair Antonio Gomes


Olá, pessoal!

Após postar aqui o livro "Morte em Dezembro" que está sendo lançado pela Editora Dracaena, muitas pessoas me procuraram para saber um pouco mais sobre o autor Ivair Antonio Gomes. Conforme já citado anteriormente, o livro traz uma trama muito bem elaborada, onde o autor narra com extrema competência uma caçada a um assassino internacional em terras brasileiras.


Entramos em contato com o autor e conseguimos uma entrevista com ele, a qual está publicada abaixo na íntegra. Mais uma vez, parabéns ao autor, que vem conquistando o seu espaço no mercado literário. Um ótimo exemplo aos autores iniciantes que buscam um lugar ao sol.

Morte em Dezembro - Ivair A. Gomes

ENTREVISTA

1 - Quem é Ivair Antonio Gomes?

Sou Natural de Campinas do Sul, RS (mesma cidade que minha mãe nasce), a  44 anos.  Saí de lá com menos de 03 anos de idade. Fiz de tudo na vida. Trabalhei de bóia-fria nas plantações de Algodão e amendoim, já fui funileiro, que trabalha com lataria de carro, já fui estofador, consertando sofás, já trabalhei em supermercado, digitador, panfleteiro, feirante e até a pouco tempo atrás eu era livreiro, possuía um sebo de livros usados. Na verdade comecei a trabalhar muito cedo. Aos doze anos acordava às 05 da manhã para preparar a marmita para ir trabalhar no campo, como bóia-fria. Meu pai foi trabalhador de usina hidrelétrica(barrageiro, no popular) e vivia viajando, mudando de um lugar para outro. Moramos no interior do Mato Grosso, no interior de São Paulo, no Paraná e a mais de 25 anos fixamos residência neste estado tão acolhedor que é Santa Catarina. Essa constante mudança de ares, me trouxe muitos infortúnios, mas no final das contas ganhei mais que perdi. Ganhei o conhecimento das culturas locais, um modo peculiar de ver as pessoas e seus costumes. Aprendi muito nessas viagens e moradias esporádicas. Estou casado com uma esposa maravilhosa que me ajuda e incentiva nos meus projetos, sejam eles literários ou não. No momento sou bancário.

2 – E quando foi que você começou a escrever?

R – Que eu me lembre, foi aos 16, 18 anos. Escrevia muita poesia. Eu vivia apaixonado. Era só uma menina bonita sorrir para mim e pronto. Já estava apaixonado. Escrevia então dezenas de poemas para ela. Eu era muito tímido. Por causa do meu porte físico, pequeno e magrela. Hoje alguma coisa mudou e não foi a altura (risos).

3 - E os romances, como você começou a escrever romances?

R- Então, em meados dos anos 90, lá por 1997 eu comprei meu primeiro computador. E logo entrei em um grupo de lista de contos cujo endereço era contos@itaipu.microlink.com.br. E lá tinha muita gente boa. ( Rener de Larte,  Leo Cosendey,  Fabio Vale, Frederico Dutra Vieira, Rafael Otto Coelho, Mauricio Santoro, Carina, Heitor Coelho, Petras etc...) Pessoas de 15 a 45 anos, de todos os lugares do Brasil, das mais diversas profissões. O pessoal escrevia, todos liam e depois enviavam comentários. Ali eu comecei a escrever os primeiros contos. Recebi alguns elogios e também muitas criticas construtivas que me auxiliaram a podar meus erros. Então eu comecei a escrever contos mais longos e em seguida comecei a reescrever pequenos contos, que já havia publicado na net, transformando-os em algo maior.

4 -E sua ligação com a literatura é antiga, tem gente que  fala de você ficar de castigo na escola por ler demais?

Bem, é quase isso. Quando pequeno, nós morávamos em Amambai, uma pequena cidade no Mato Grosso do Sul, e a biblioteca da escola ficava do outro lado da rua. Quando dava o sinal do recreio, ao invés de brincar com as outras crianças eu atravessava a rua e ia para a biblioteca escolar. Lá eu pegava um livro, deitava no chão e começava a ler. Aconteceu de algumas vezes eu dormir lendo e perder o sinal de volta para a sala de aula. Eu disse algumas vezes, não era sempre.

5 - E você já escrevia nessa idade?

Não, como eu disse, comecei a escrever aos 15, 16 anos. Eu comecei a ler aos 06 anos de idade, em um Gibi da antiga Ebal, me lembro até hoje. Era “as poderosas”, de um lado as aventuras da Poderosa Isis (eu achava linda) e do outro lado as histórias da Mulher maravilha. Sempre guardei comigo essa lembrança. Eu ia cedo comprar pão e passava na banca e via se tinha gibi. Depois ficava enfernizando meu pai para dar dinheiro para mim comprar. Fui colecionador de Gibis por muito tempo. Quando trabalhava de bóia-fria no interior de São Paulo lá pelos meus 12 anos eu gastava tudo que ganhava em gibi.  Tex, Zagor, Superaventuras Marvel, heróis da TV, Cebolinha, Cascão, Pato Donald, mas meus preferidos mesmo sempre foram os super heróis. Cheguei a chorar uma vez lendo uma graphic novel da morte do Capitão Marvel. Mas parei de ler Quadrinhos nos anos 90. Muita coisa mudou. Virou mais comercial. Agora compramos gibis e o sangue espirra por todo lado. Me lembro que o Capitão América era o ideal da liberdade, da democracia. Os heróis daquela época tinham princípios e o tempo, e a mudança de comportamento da sociedade fez com que esses personagens também mudassem.

6 - Como você cria seus enredos, seus personagens, como é sua construção literária?

Bom, eu sempre pesquiso muito antes de escrever. Mesmo durante a escrita, estou escrevendo e pesquisando, mudando algo, alterando um cenário, mudando o comportamento de um personagem, pois os personagens  “vivem’, tem uma vida e como nós eles podem mudar de atitude de um momento para outro. Meus personagens são de carne e osso, tem dor de coluna, como em “Dias Difíceis”, tomam remédio como em “Morte em Dezembro” (ainda não publicado), mas tomo cuidado para eles não serem piegas demais, chatos demais, corretos demais. Pois isso se torna uma ilusão. Gosto dos personagens sarcásticos, com senso de humor.

7 - Quanto tempo você leva para escrever um livro?

Olha, depende muito. Se é algo mais cotidiano, posso escrever um conto em dois ou três dias, mas se é algo mais refinado que envolve questões mais densas a coisa é mais longa. Já escrevi dois contos em uma semana. Assim como levei dez anos para finalizar Morte em Dezembro, e outros dois anos para compor Dias Difíceis que tinha inicialmente 720 páginas e reduzi para 519. E Dias difíceis eu pesquisei muito mais que Morte em Dezembro.

8 – Você está lançando o livro Morte em Dezembro pela Editora Dracaena, fale sobre esse trabalho.

Bom, Morte em Dezembro nasceu em minha cabeça após ler ‘O dia do Chacal” do Frederick Forsyth. Foi ali que me deu um insight. Principalmente porque já havia sido anunciado o encontro do mercosul aqui em Florianópolis para o ano de 2000. Então eu corri atrás. Fui a vários locais que poderiam servir de possível localização onde um atirador se posicionasse para um tiro certeiro. Temos aqui no centro de Florianópolis o antigo Palácio do governo que fica na praça dos três poderes, fui lá de madrugada, fiquei olhando os prédios, virava de um lado para o outro e ficava imaginando o que poderia ser feito. Onde o assassino poderia ficar para atirar. Primeiramente pensei em fazer ali a cena da tentativa do assassinato. Ao ar livre.  Com a mudança da sede do Governo para outro local, tive que fazer umas modificações no livro.

9 – O que provocou a  demora para o livro ficar pronto?

Foi um relapso meu. Tive outros objetivos na vida. Priorizei outras questões. E quando retomei a escrita dele tive  que fazer várias alterações e adaptações no livro. Mas  para não prejudicar a história não quis mudar muito, pois senão seria um livro totalmente novo. Fiz o caminho do assassino várias vezes. Alguns locais que cito no livro, são reais . Fazem parte do cotidiano do Florianopolitano.  Na época fiz várias pesquisas junto a PF e a policia civil, a secretária de segurança, tentando trazer ao leitor um pouco da realidade destas instituições.

10 - E porque só agora o livro ficou pronto?

Na verdade eu tenho cinco romances inacabados, o Morte em Dezembro era apenas mais um. Eu não via perspectiva de lançamento do livro. Então deixava engavetado, coloquei a muito tempo atrás na internet alguns trechos do livro. E no ano passado devido a algumas circunstâncias, comecei a mexer no livro novamente. Então surgiu o convite da Dracaena, na pessoa do Léo Kades e aqui estamos nós.

11 - Você falou em circunstâncias para começar a escrever novamente. Quando você escreve? O que te faz escrever?

Olha, eu digo isso para as pessoas e elas acham besteira. Mas quando surge uma pressão muito forte, eu foco em outra coisa. Me abstraio. E a leitura é uma dessas minhas abstrações, juntamente com a escrita.

12 - Quais suas outras abstrações?

Eu estou sempre fazendo um curso. Curso disso, curso daquilo. Não consigo ficar parado. Não sou de ir em academia, mas não fico parado (risos). No mesmo momento em que terminava de escrever Morte em Dezembro   passava por uma situação delicada no trabalho e também estava fazendo um curso de pós graduação.

13 - Então seus escritos são uma fuga?

Não necessariamente. É onde eu encontro prazer. Eu faço porque gosto, e como gosto. E acho que não tem nada mais prazeroso que fazer o que a gente gosta.

14 - Você começou a falar do livro e fugiu do assunto, fale mais dele?

Bom, como  disse eu busquei muitas fontes e informações. O assassino do livro é um personagem muito astuto e perigoso. Tive que ler bastante sobre crimes cibernéticos, sobre novas tecnologias, e também ataques bioterroristas e mesmo organizações terroristas ao redor do mundo. Descobri também muita coisa pela internet. Fui fundo tentando encontrar informações sobre órgãos e departamentos policiais dentro e fora do Brasil.  O livro mostra a dificuldade que os órgãos internacionais e nacionais tem para identificar um assassino enviado ao Brasil para boicotar o encontro do mercosul, usando para isso de métodos letais, muitos deles inovadores. E apresenta o cenário das ilhas onde Robinson Crusoé foi encontrado, no Chile, como mostra com detalhes um pouco da vida do porto de Vigo na espanha, onde o assassino pode ter passado algum tempo. E tem como tema central a cidade de Florianópolis, onde o  morador local irá encontrar muitos lugares conhecidos descritos no livro.

15 - Como foi o processo para chegar até a editora Dracaena.

Eu recebi um e-mail do Sr Léo Kades, o editor da Dracaena. E ele se mostrou interessado em lançar o livro. Fiquei meio receoso no primeiro momento pois no passado tive problemas com editoras de fundo de quintal que trabalham sob demanda. Mas o Léo soube me fazer entender que esse projeto era diferente. E assim fomos conversando e aos poucos a coisa se ajustou. Gostei muito da forma como tudo foi conduzido. O Léo me ligava e me informava do que estava acontecendo, dos passos da formação do livro. Hoje o livro está aí, pronto para os leitores desfrutarem.

16 – Que recado você gostaria de deixar aos leitores do livro Morte em Dezembro.

Ler ainda é a maior aventura que você pode viver. Com a leitura você viaja, conhece lugares e pessoas. Leia mais, aprenda mais. Não importa sua idade, sempre é tempo de aprender. E aos jovens eu gostaria de pedir que desligassem um pouco dos games e se ligassem nos livros. Quem lê fala mais e melhor, além de aprender a escrever.

2 comentários:

  1. Olá Ivair! Ao ler a sua entrevista, despertou-me um grande interesse pelo seu livro. Adoro histórias em que a maior parte dos fatos, época ou locais, sejam verossímeis porque traz certa originalidade a trama. Certamente este será mais um livro incluído em minha estante. Meus parabéns e sucesso!

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