domingo, 19 de janeiro de 2014

Preparadora de 'Tropa de Elite' lança livro


Nas mãos dela, Alice Braga caiu no choro, Wagner Moura socou a barriga de Lázaro Ramos e Stênio Garcia perdeu os sentidos e vomitou. Figura tão polêmica quanto onipresente nos filmes brasileiros, a preparadora de elenco Fátima Toledo lança amanhã um livro sobre sua trajetória no cinema nacional.


Na obra, que também traz depoimentos de atores e diretores, ela relata ao autor Maurício Cardoso bastidores de filmes como "Cidade de Deus", "Tropa de Elite" e "Linha de Passe" e disseca o seu controverso método.

"A pessoa tem que se revelar para revelar o personagem, e não construí-lo", afirma Fátima. "Se você busca só o ator, vai ter respostas muito conhecidas. Mas, se procura o ser humano antes, encontra a sua marca pessoal, que é o que dá o brilho."

Fátima chegou ao cinema com "Pixote: A Lei do Mais Fraco" (1981), de Hector Babenco. Ela dava oficinas de teatro a internos da Febem (hoje Fundação Casa) quando foi descoberta pelo cineasta. "Uma mulher descalça, frágil, rodeada por um grupo de adolescentes, tentava dar a eles maneiras de relaxamento", relata Babenco no livro.

Contratada para preparar os jovens atores do filme, tentou treiná-los com a bagagem que trazia: métodos clássicos de interpretação, como o de Stanislavski (1863-1938).

"Olhei para aqueles meninos e vi que faziam bem, mas não tinham vida. Não os sentia totalmente presentes", lembra. Aos poucos, abandonou as lições do russo para traçar a própria metodologia "de forma instintiva", diz.


Ela resume o treinamento em três etapas: "Entender o momento da vida do ator, seu nível de doçura, de raiva, de resistência"; fazer dinâmicas para reproduzir as relações entre os personagens; e ensaiar cenas sem grandes marcações e convocar o diretor para assistir a elas.

Na segunda etapa, há o "exercício da valsa". "Duas pessoas dançam juntas. Quando digo 'afastou', elas se separam e têm de falar coisas que vêm do coração, se agredindo, depois se juntam de novo." Já no "exercício da mesa", um ator se senta em silêncio enquanto os outros dizem tudo o que pensam sobre ele.

TAPA NA CARA

Os métodos de Fátima ganharam notoriedade após "Cidade de Deus" e "Tropa", que, segundo ela, deram ao treinamento a fama de violento. "Tapa na cara? Pode ter ocorrido algumas vezes. Mas por que acham isso tão problemático? Os filmes pediam aquilo", diz.

Fonte: Folha de São Paulo


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